Máscara Transparente

Onde quer que você vá, sempre haverá alguma mensagem exposta. “Autodoors”, fachadas de lojas, adesivos em carros, luminosos... Mensagens mudas que, aos poucos, vão ocupando espaço no subconsciente de quem as observa. Outras formas de comunicação, também silenciosa, são comuns no dia-a-dia. O jeito de se vestir, de andar, o corte dos cabelos. Atos e gestos espontâneos que situam o indivíduo em sua classe social e evidenciam o contexto, cômico ou dramático, em que vivem. Assim, o caráter equilibrado e a simpatia são virtudes adquiridas na boa convivência com os demais; já o aspecto rancoroso mostra o lado contrariado que a educação e os hábitos diários não conseguem disfarçar. Da mesma forma, o riso fácil pode ser sinal de altruísmo ou malandragem: só uma análise acurada poderá desmistificar.

Inconsciente do que representam, passeiam os conservadores, os clássicos, os metódicos, os provocantes, os humildes e também os ingênuos protegidos pela exagerada timidez.

Os traços físicos relatam a origem; os gestos mímicos traduzem a porção oculta que as palavras não conseguem personificar. A estrutura física, por si, demonstra a idade aproximada e os traços de cada sexo. Porém, o lado teatral camufla os vícios, a ansiedade, as imperfeições físicas e emocionais, a dura realidade que só os momentos de solidão e o espelho retratam. Vestido dessa máscara, lá vai o povo com a sua dramaticidade peculiar em suas andanças. Em contrapartida, a sociedade analisando sua postura e atitude poderá enaltecê-lo ou “despi-lo” em plena rua.

Em suma, onde quer que se vá, direta ou indiretamente, o mundo lhe fala. Basta entendê-lo!

A Notícia/ fev/1999.