APRENDIZAGEM/ENSINAGEM: MUNDOS QUE SE CONECTAM.

APRENDIZAGEM/ENSINAGEM: MUNDOS QUE SE CONECTAM.

Prof. João Beauclair.

Arte-educador, Psicopedagogo, Mestre Em Educação, Doutorando em Intervenção Psicosocioeducativa pela Universidade de Vigo, Galícia, Espanha.

Aprender é ensinar, ensinar é aprender.

Ao aprender e ensinar somos mundos que se conectam: o eu e o outro na busca do conhecer, do saber, do saber fazer, do ser fazer saber, do saber fazer-se SER. Como ensinantes e aprendentes, somos o sal da terra, a luz do mundo, o fermento na massa, pois agirmos em prol da evolução de todos. Sermos generosos neste movimento é propiciar a alegria do exercício coletivo e pleno da autoria de pensamento, da autonomia do sujeito humano, vivendo as aventuras e desventuras de interagir no movimento do mundo, complexo por excelência.

Cada sujeito aprendente e ensinante é um mundo particular, repleto de suas vivências, que vão muito além de tão somente ser seres da cognição. Somos emoção e vida, morte e essência, somos fruto de um tempo, resultado de nosso caminhar humano de evolução. A construção/reconstrução de uma nova “civilização”, onde a afetividade seja repleta de amorosidade, nos convoca a pensar num outro mundo possível, onde a teia da vida (re)signifique práticas, fomente o desejo de mais e melhor vida, nos tempos e espaços de nossas intervenções, sempre compreendidas como uma (re)invenção cotidiana de viver e estar junto com os outros, sempre diversos de nós mesmos.

Aprendizagem/ensinagem são processos de co-autoria, de co-participação: se aprende com alguém que ensina, se ensina quando alguém aprende. Uma nova sociedade, de fato aprendente, compreende o ser em sua inteireza, percebe que somos irmanados no sentido pleno desta palavravida, percebe as palavras como essência de mundo, essência do existir.

Nossa constituição como sujeitos é resultante de todo este processo e será possível um outro tempo somente se buscarmos a renovação diária de nossas ações e condutas e se percebemos o mundo como uma grande possibilidade de encontro humano. É no espaço e no tempo do aprenderensinar que podemos encontrar significados e sentidos para nossas existências e urge (re)configurar modelos, rever atos e fatos, criar novas metodologias, mais ativas e participativas, onde o intercâmbio de saberes e ignorâncias possibilite a (re)criação de um novo ser humano, que se perceba como um sujeito desejante do (re)encontrar-se consigo mesmo, elaborando a assunção amorosa de nossas tantas limitações, de nossas potencialidades e possibilidades, de nossos dons pessoais.

Aprender e ensinar é (re)encontrar-se com outros sujeitos também desejantes, reconhecendo em todos e em cada um o seu próximo, o seu semelhante, um irmão, um amigo, um co-autor de sua subjetividade, de sua história e lenda pessoal. Aprender e ensinar é (re)encontrar-se com nossa humana natureza, nem sempre em nós presente de forma consciente, mas que é sempre fomentadora de novos vínculos entre o eu e outro, entre o outro e o mundo, entre os diferentes eus e os outros, que juntos interagem como viventes na imensa comunidade humana que nos constitui.

Aprender e ensinar é sabermos de nosso passado, é vislumbrarmos um futuro, mas essencialmente é nos percebermos como uma grande possibilidade de fazermos, cada um de nós, a nossa parte, nos imensos desafios do nosso tempo presente: por isso, devemos desejar, agir e buscar elaborar nossos processos e ações como ensinantes, eternos aprendentes, aprendentes eternos ensinantes de nosso tempo presente, acreditando, vinculando, pesquisando, aliando teoria e prática, reconstruindo, promovendo a autoria de pensamento, educando pela pergunta, pela aprendizagem significativa, pela emancipação humana. Caminhos do coração. Estradas da emoção, pontes do afeto. Termina o espaço da escrita, fica o desejo da partilha. Faça contato. Saúde e Paz para tod@s.

Artigo originalmente publicado em: Caminhos da Psicopedagogia: o referencial da ABPp no Sul de Minas. Informativo do Núcleo Sul Mineiro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Varginha, Julho de 2008.

Joao Beauclair
Enviado por Joao Beauclair em 08/12/2008
Código do texto: T1324148