Que tipo de espelho você é?

Há alguns meses um episódio que presenciei me deixou realmente chocada e entristecida.

Voltava de uma reunião do movimento humanista, me dirigia ao embarque de trem na estação tatuapé da cptm, com um grupo de amigos, e de repente notamos uma confusão. Com receio que algo pudesse acontecer, nos afastamos daquela aglomeração de pessoas.

Mesmo longe pude perceber que várias pessoas se reunião em um mesmo alvo, um homem aproximadamente de 30 anos, negro e que aparentava ser um mendigo, ou algo do tipo.

As pessoas o agrediam ferozmente, e evidentemente não se preocupavam com as consequências daquelas agressões.

Essa demonstração de histeria coletiva, demonstra profunda incapacidade das pessoas de pensar duas vezes antes de agir, porém o que me chocou foi que os guardas da estação nada fizeram, até que outra senhora e eu começassamos a gritar para que eles fizessem algo.

Falávamos que aquilo era crime, e que eles seriam culpados se algo acontecesse com aquele rapaz, e então outras pessoas se juntaram a nós, forçando-os a tomar alguma posição. Graças a Deus eles decidiram intervir, e não tiveram trabalho algum, ao se aproximarem da confusão, os agressores imediatamente começaram a se dispersar.

Um rapaz porém que estava transtornadissimo, continuava tendendo acertá-lo com chutes, e socos e voadoras. Ele urrava como um animal, e dizia aos guardas que aquele homem havia derrubado sua irmã e roubado sua bolsa.

Os guardas da estação levaram o homem que havia sido agredido para dentro, imagino que para o ambulatório ou algo assim, acreditando na boa vontade deles, e o rapaz que tinha começado com as agressões para uma outra sala.

Todo essa desesperadora confusão, aconteceu em pouquíssimos minutos. Mas com certeza, aquele homem teria sido morto por aquelas pessoas se alguém não tivesse feito algo. Deveriam ser umas 30 pessoas, que o agrediam simultâneamente. O rapaz que eu citei acima, o derrubou com um chute no peito, alguns homens começaram a chuta-lo, não podendo-se reconhecer, de fora, onde ficava a cabeça e onde estavam os pés. Outras pessoas, e uma menina, abaixavam-se para poder contudi-lo com as mãos. E os guardas assitiam, ouso dizer, com uma expressão de satisfação.

Esse episódio me fez pensar em até onde deve-se dar credibilidade ao julgamento de certo e errado das pessoas, e até onde devemos confiar nesses que deveriam trabalhar para estabelecer equilíbrio, ao convívio em sociedade.

As pessoas podem ser extremamente cruéis e irracionais, mas também são capazes de coisas maravilhosas... Tudo depende dos estímulos que elas recebem, e dos exemplos a que se espelham.

O que o mundo refletiria se o espelho fosse você?

Pense nisso.