Culturas e suas diferenças

São as diferenças culturais, capazes de produzir espaços, para o exercício da cidadania plural? Até que ponto a política cultural, interfere na produção desses espaços? Sendo que a mesma implica no espaço escolar e no currículo, sabe-se que ambos são elementos essenciais, para a política cultural. Quando, citamos o espaço escolar, não esquecemos de todos os elementos nele embutidos, principalmente a prática pedagógica, capaz de provocar a interação das diferenças, sem estabelecer verdades absolutas, apenas verdades provisórias. Dessa maneira, essa prática pedagógica, aproxima-se da chamada educação intercultural.

De acordo com dados estatísticos Negros e indígenas não chegam à universidade o que lhes impede também a chegada ao mercado de trabalho qualificado, a construção ou re-construção de uma identidade étnico-racial, consciência política e, portanto a mudança de classe social.

O termo reconstrução é usado por alguns autores na expectativa de explicar que esta identidade já existe em cada um de nós, porém o contexto interétnico sob o qual vivemos no Brasil provoca um abafamento da identidade étnica positiva do negro e do indígena, impossibilitando os mesmos de lutarem contra o sistema de opressão existente, fazendo-os assumirem uma postura de submissão, introjeção e alimentação de imagens e valores considerados negativos a respeito de si mesmo e de seu povo. Na sociedade brasileira, as características físicas das pessoas funcionam como meio de classificação e a construção da identidade torna-se um processo difícil.

O tema da identidade tornou-se objeto de interrogação tanto nos debates sobre relações raciais quanto no meio acadêmico como objeto de estudo. Para falar de identidade não podemos ignorar as relações raciais presentes na sociedade e no nosso dia-a-dia. São estas que impedem o reconhecimento igualitário das pessoas, principalmente os negros e indígenas.

Este reconhecimento constitui-se das atividades diárias de superação da discriminação, preconceitos, estereótipos, estigmas, rótulos e outras expressões que obstaculizam o desenvolvimento e cumprem o papel de integrar a população negra e indígena na sociedade de classes de forma subalterna.

Segundo MUNANGA, 2004:

“O mito de democracia racial, baseado na dupla mestiçagem biológica e cultural entre as três raças originárias, tem uma penetração muito profunda na sociedade brasileira: exalta a idéia de convivência harmoniosa entre os indivíduos de todas as camadas sociais e grupos étnicos, permitindo às elites dominantes dissimular as desigualdades e impedindo os membros das comunidades não-brancas de terem consciência dos mecanismos de exclusão da qual são vítimas na sociedade”. (MUNANGA, 2004 - p. 89).

A crença de que negros e mulatos são inferiores aos brancos na sua capacidade

intelectual, portanto incapazes, vigora ainda na sociedade e na academia brasileiras, agora sob a forma de um discurso mais ameno e plenamente justificável do ponto de vista do apitalismo: o discurso meritocrático. Este defende a idéia de que só vencem os melhores, os mais capazes, no caso brasileiro, os brancos ricos e depois os brancos pobres. Negros e indígenas, de acordo com dados estatísticos, não chegam à universidade o que lhes impede também a chegada ao

mercado de trabalho qualificado.