CUIDADO COM O "NÉ?"

CUIDADO COM O “NÉ?”

Por Aderson Machado.

É muito comum, na linguagem oral, a maioria das pessoas usar – e às vezes abusar – o malfadado “né?” no final das frases. Isso acontece tanto no que se refere à linguagem informal, como na linguagem formal, como em conferências, programas radiofônicos, ou coisa que o valha.

E para exemplificar, vou citar o meu exemplo – ou mal exemplo?

Pois bem, enquanto locutor de rádio – e isso já faz 21 anos de batente! -, ainda não me libertei, completamente, do ‘famoso’ “né?” quando me aventuro em falar algo de improviso nos meus programas. Tenho essa consciência porque costumo gravar a maioria dos programas, exatamente para poder avaliar onde foi que eu errei. E nessas possíveis imperfeições, acreditem, o “né?” está liderando disparadamente!

Por isso, há muito tempo, venho me debatendo para, pelo menos, amenizar essa deficiência, porém sem muito sucesso, diga-se de passagem.

A propósito, recentemente comprei um livro que me chamou bastante a atenção. Seu título é: SUPERDICAS PARA FALAR BEM EM CONVERSAS E APRESENTAÇÕES.

É importante citar o autor desse livro. Chama-se Reinaldo Polito, um dos mais destacados especialistas no ensino da arte de falar, com obras publicadas em diversos países.

Como o título era sugestivo, não vacilei em comprá-lo. Até aí, nada demais. Curioso, incontinenti comecei a lê-lo. E, para minha surpresa, deparei-me com o seguinte capítulo: ACABE COM O “NÉ?”. Aí a minha atenção se redobrou!

Dessa forma, peço licença ao autor da obra em apreço para reproduzir, na íntegra, para você, possível leitor, o capítulo acima mencionado, por acreditar que ele será de muita utilidade para quem usa e abusa do “né?”. Depois eu volto.

Reinaldo Polito: ACABE COM O “NÉ?”.

“Um ‘né?’ tudo bem. Dois, vá lá. Três ou quatro ainda podem ser suportáveis. Mas usar o ‘né?’ com freqüência, em quase todo final de frase, pode fazer com que as pessoas se irritem e se sintam desestimuladas a prestar atenção em suas palavras, seja numa reunião da Empresa, nas negociações, seja nas entrevistas.

Estou falando do ‘né?’ porque ele é o grande chefe de uma imensa família que inclui parentes como ‘tá?’, ‘OK?’, ‘entende?’, ‘percebe?’, ‘tá entendendo?’ e outros agregados não menos votados, como ‘não é verdade?’, ‘fui claro?’.

Para eliminar os desagradáveis ‘né?’ da sua comunicação, o primeiro passo é tomar consciência deles. Embora não seja muito simples descobrir sozinho se o ‘né?’ está entrando e interferindo na sua fala, com um pouco de atenção e boa vontade talvez você consiga perceber se já foi picado por esse bichinho inconveniente. Uma boa solução é gravar suas conversas mais informais ou pedir a ajuda a um amigo.

Se você estiver inseguro, a tendência é falar como se estivesse perguntando, mesmo nos momentos em que deveria fazer afirmações. A falta de segurança fará com que esteja quase sempre pedindo algum tipo de retorno ou de aprovação dos ouvintes. É como se você dissesse no final das frases: ‘Estou me comunicando bem, né? Por isso, ao falar usando a entonação de quem está fazendo perguntas, irá se valer do ‘né?’ para encerrar as frases.

Assim, sempre que perceber a entonação característica de pergunta na sua comunicação, quando deveria estar afirmando, procure mudar a maneira de falar e se expresse com afirmações”.

Está aí uma excelente dica do mestre Reinaldo Polito – um orador renomado, conhecido no Brasil e no exterior.

Como foi para mim, acredito que esse capítulo a respeito do “né?” tenha sido de grande valia para você, amigo (a) leitor (a).

Afinal de contas, esse “né?” tem atormentado a vida de todos nós, né?

Aderson Machado
Enviado por Aderson Machado em 18/01/2009
Código do texto: T1392033