"O Golpe do Seqüestro em Minha Família" =Crônica do- infelizmente-cotidiano=

Hoje, quarta-feira, dia 21/1/2009, exatamente às 5 da manhã, um homem ligou aqui pra casa e avisou à minha mãe que uma de minhas irmãs estava em seu poder e que a mataria caso não recebesse vinte mil reais bem depressa.

Graças a Deus, minha mãe que, além de idosa é cardíaca, lembrou-se, no ato, dos tais falsos seqüestros tão comentados na mídia e não se abalou logo de cara. Apenas perguntou ao sujeito:

- Você é que é o tal bandido morto de fome?

Fez a pergunta, desligou, foi até meu quarto e avisou sobre a tal mensagem.

Logo o telefone tocou de novo e desta vez minha mãe ouviu um choro bem parecido com o de minha irmã. Dessa vez assustou-se, mas continuou procurando manter a calma. A essa altura eu já havia saído de meu quarto, junto com minha mulher, e esperamos na sala pelo terceiro telefonema. Que não demorou nada:

- “Eu estou toda amarrada. Eu estou toda amarrada e eles vão me matar...”

Naquele momento não tive dúvida alguma: a voz era mesmo de minha irmã que mora em São Paulo. Meu coração disparou e senti um grande alívio por ter sido eu a atender e não minha mãe.

- O que falaram dessa vez, filho?

- Quase nada, mãe. Era alguém tentando imitar a voz dela. Muito mal, por sinal...

- No outro telefonema o choro era bem parecido com o dela quando fica nervosa. Estou ficando super preocupada...

- Bobagem, mãe. Hoje em dia esses vagabundos conseguem cada recurso para imitação, até pelo computador, que até impressionam a gente. O negócio é manter a calma e esperar.

Mantive a calma o quanto pude, mesmo sentindo a adrenalina a mil, e tentei de todo jeito falar com minha irmã. Não conseguia nada. Tanto os celulares quanto o fixo simplesmente ignoravam minhas chamadas.

Lembrei-me, então, de ligar para a filha dela, que também mora em São Paulo, e alguns minutos depois o genro de minha irmã e os dois filhos casados dela estavam na porta da casa da “seqüestrada” acompanhados por quatro viaturas policiais.

Era mesmo um falso seqüestro. Minha irmã e o marido dormiam tranquilamente na casa deles enquanto toda a família se agitava querendo notícias.

- E os telefones, cacete!? Que diabo foi aquilo de não conseguirmos completar as ligações pra sua casa?

- O celular eu esqueci de carregar.

- E o celular do seu marido?

- Aquele, então, nem se lembra do celular que dei pra ele...

- E o fixo?

- Esqueci que é Netfone e que fica desligado quando a gente desliga a tomada do computador.

Não fosse o alívio que a gente sente, não é que dá vontade de voltar aos tempos de criança e dar uma estapeada na irmã mais nova? Vá ser desligada assim na...

Em tempo: os vagabundos têm o desplante de ligar a cobrar para avisar sobre o falso seqüestro. Isso é que é um “negócio” absolutamente sem empate de capital.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 21/01/2009
Código do texto: T1396322
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