A METRÓPOLE DA POBREZA

“Havia ingenuidade no entusiamos. Havia a crença de que a democratização das instituições traria rapidamente a felicidade nacional. Pensava-se que o fato de termos reconquistado o direito de eleger nossos prefeitos, governadores e presidente da república seriam garantia de liberdade, de participação, de segurança, de desenvolvimento, de emprego, de justiça social.”

José Murilo de Carvalho

“SP ganha mais de 200 mil pobres por ano”, informava a reportagem (Jornal Agora - 29/01/06 p. A 13), a qual sintetizava o estudo da economista Sônia Rocha do IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), Mesmo acostumado aos assuntos ligados à pobreza, exclusão e demais interfaces sociológicas e antropológicas do tema, tal notícia muito me chocou, pois o dado mais alarmante, é que 214 mil pessoas migraram para a pobreza (principalmente na capital paulista); sendo que juntamente com seu entorno (os municípios) esse número subiu em apenas um ano para 7.506 milhões de pessoas. São dados muito preocupantes, pois na Grande São Paulo vivem aproximadamente 18,2 milhões de pessoas, segundo informa a citada reportagem.

A pobreza deve ser prioridade da agenda de políticas públicas de um governo que vise a melhoria de seu povo. Em reportagem similar intitulada “Pobreza merece coalizão mundial” (Folha S. Paulo - 9/10/2001 – A 24), destaca que “O mais grave problema de longo prazo para a comunidade interessada em construir um mundo melhor é o combate a pobreza e a promoção da inclusão social em todo o mundo”. Isso é apenas uma das muitas faces da pobreza, pois além da questão econômica, existe problemas outros como saneamento básico, saúde, alimentação e qualidade de vida, coisa que o pobre/miserável não tem noção do que é.

Como se não bastasse, em 2006 a ONG Save the Children apresentou relatório de que “Cerca de 2 milhões de bebês morrem nas primeiras 24 horas de vida” e entre as muitas causas, certifica em seu relatório de mais de 50 páginas que “(...) essa taxa sofre influência da alta incidência de mortes entre minorias e em zonas rurais pobres”

É com grande pesar que afirmo, estar a maioria de nossos brasileiros em permanente acomodação. Esperam de maneira estática, que o disposto no artigo 5º de nossa Constituição Federal, venha como um anjo, voando em sua direção e lhe conceda de mão beijada a tão pedida, almejada e merecida benção; que é o direito a igualdade.

Escrevo isto poIS se analisarmos friamente e compararmos que esse tal "princípio constitucional da igualdade", que já está no papel (Constituição Federal) e em voga desde 05/10/88, parece que de nada vale para os tais "planejadores das políticas públicas", pois como noticiado acima e visto a "olho nú" (basta dar uma volta no quarteirão dos gabinetes) a realidade de nosso cotidiano é bem outra.

Ou desenvolvemos uma conduta que vise cobrar, fiscalizar e denunciar as atividades públicas mal elaboradas/executadas ou nada sobrará para nossas futuras gerações.