O FLUíDO DA REVOLUÇÃO FRANCESA

Do Iluminismo (movimento científico de fundamentação atéia do fim da Idade Média) nasceu a Revolução Francesa (movimento desencadeado por burgueses e intelectuais franceses), que, entre outras medidas, aboliu por decreto da Assembléia francesa a imprensa em 1793, com que proibia a edição de bíblias, determinando a inexistência de Deus, a falibilidade da Igreja Católica, exaltando a deidade humana, a pérola da sabedoria do homem, a deusa Razão. Os revolucionários decapitaram a Família Real, cujo poder era sancionado pelo Sacro Império, o que subentendia Deus, pois cobrava impostos opressivos. O mesmo fim tiveram os oligarcas, os ricos de nome, que apoiavam o despotismo de Luiz XVI.

Dos ideais da burguesia revolucionária francesa surgiu a filosofia de Auguste Conte, que nasceu durante a Revolução. Conte, que passou um período num manicômio, depois de já ser admirado por seu pensamento ateísta radical e após a morte de sua esposa, determinou que a Igreja Católica (e todos os cristãos por conseguinte, incluindo os reformadores) era de fato uma instituição fracassada (sem valor) e fundou a religião da razão, cuja estrutura chegou a se igualar a estrutura da Igreja Católica, tendo inclusive santos (sua esposa morta foi elevada a tal grau), templos e sacerdotes.

Seu pensamento positivista muito se fortaleceu, atraindo muitos adeptos e simpatizantes, além do povo pobre movido por uma esperança de igualdade social, estruturando-se finalmente em sistema político-administrativo. Reunindo sábios, artistas e donos de meios de produção (tecnólogos/industriais) desenvolveram o sistema “comunista dos ricos”, chamado Positivismo, onde tal elite seria governante e os proletários (os pobres) seriam operários de alta, média e baixa categoria. Todavia, jamais atingiriam o poder. Em outras palavras, criariam uma justiça social (uma espécie de comunismo), mais em duas classes, uma dominante e outra dominada. Os operário de qualquer níveis seriam basicamente iguais, recebendo salários iguais, tendo garantidas todas as suas necessidades básicas e uma boa dignidade financeira e social, em sua classe, é claro. Todos teriam escolaridade até o nível técnico para garantir a eficiência profissional, mas não chegariam ao nível superior, garantindo que não se tornariam entraves à produção.

Esse sistema logo se espalhou pelo mundo e a indústria cresceu ao mesmo tempo que a distribuição de renda tornava-se cada vez mais injusta. Isolando Deus e a moral, prevaleceu o capitalismo predador, onde muitos trabalham para que poucos enriqueçam e aquele que fabrica algo não ganha o suficiente para adquiri-lo.

Em fim, o ideal de igualdade da elite burguesa e científica, pensando-se superior aos outros, mostrou-se um fracasso, justamente onde a filosofia da Bíblia, não da Igreja Católica, prega que todos são iguais, com direitos iguais e todos devem desfrutar do bem que produzem. Paradoxalmente, desconhecendo a história e sua filosofia, muitos cristãos acostumaram-se a enriquecer a custa do trabalho dos outros, tornando-se adeptos da filosofia positivista, produzindo juntamente com os ateus o capitalismo selvagem que existe hoje, esquecendo-se que a filosofia da Bíblia condena a exploração dos pobres.

Wilson Amaral – Estudante de História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e autor dos livros Os Meninos da Guerra e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos.

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 18/04/2006
Reeditado em 26/03/2008
Código do texto: T140829