O rumo das explicações para o Sentido da Vida

Entender as coisas que acontecem ao nosso redor e com nós mesmos, certamente, não é tarefa fácil. Atitudes, palavras, posturas e as condutas dos indivíduos expressam, muitas vezes, os momentos que cada um deles está passando. Por isso, o ser humano vive em constante conflito existencial.

Às vezes fico pensando como a vida é muito curta, tudo pode ou não acontecer conosco. Estamos em um momento de caos, onde o dinheiro é o maior poder, perdemos a noção da essência da vida, os sentimentos, a moral das pessoas, o respeito entre elas parecem ter sido esquecidos pela falta de amor, talvez, mas por causa das disputas que o dinheiro nos submete.Vivemos e muitos sobrevivem às diferenças sociais pelo qual são geradas a ganância de muitos. E os afetados são os indivíduos que não têm poder, porém têm dignidade, caráter e, ainda assim, são esquecidos, humilhados como se não existissem.

Saímos de casa rumo ao trabalho, à escola e somos submetidos aos perigos de sermos violentados, acidentados, roubados, é triste, muito triste essa situação. Parece não termos mais a certeza de nada, porque simplesmente tudo pode acontecer. Eu lanço uma pergunta, para vocês, leitores, pessoas que assim como eu, vivem talvez, nesse pânico que somos acometidos a todo o momento. Onde vamos parar?? O que vai acontecer?? Quem tomará conta de nós? Será Deus quem vai nos proteger dos perigos provocados pelo homem? E as catástrofes que acontecem?? E os desastres da natureza??? Afinal, a quem vamos pedir socorro??? Temos que ter muita fé!!!???

Essas questões já vêm sendo estudadas há muito tempo através da filosofia, que procura pensar os acontecimentos além de sua pura essência. Por conta disso, ela incomoda porque questiona o modo de ser das pessoas, das culturas, do mundo. Além evidentemente, de questionar as práticas políticas, econômicas, cultural, social, técnica e científica.

Segundo Gerd A. Bornheim no livro “Os filósofos Pré-socráticos”: “... Se compreendermos a Filosofia em um sentido amplo – como concepção da vida e do mundo - , poderemos dizer que sempre houve filosofia. De fato, ela responde a uma exigência da própria natureza humana; o homem imerso no mistério do real, vive a necessidade de encontrar uma razão de ser para o mundo que o cerca e para os enigmas de sua existência...”

Daí pode-se dizer que o homem tem suas crenças e mitos que ao longo do tempo acaba sendo as suas verdades. E por elas, ele “fantasia” suas meras ilusões que são expostas dentro de si mesmo. Mas muitos dos mitos são manipulações e recriações desses que adquirem significados e conotações se renovando de geração em geração.

Erich Fromm em sua obra “Análise do Homem”, diz que “... A ciência do homem pode dar-nos uma imagem de um “modelo de natureza” do qual se podem deduzir os fins antes de se encontrarem os meios para alcançá-los”. Fromm informa que “A crise humana contemporânea conduziu a um recuo em relação às esperanças e idéias do Iluminismo, sob cujos auspícios teve início o nosso progresso político e econômico”.

O estudioso Jean Pierre Vernant diz que “os filósofos não precisaram inventar um sistema de explicação do mundo: acharam-no pronto”. Nesse sentido, percebe-se que a princípio essa seria uma afirmação contundente, uma vez que, os filósofos teriam suas meras interpretações sobre determinado caso, por isso, acredito que Pierre tenha pensado que a explicação do mundo já existia, mas precisava de alguém para interpretá-la.

Em História da Filosofia, os pensadores dizem que “os primeiros filósofos, assim como Hesíodo, buscam uma explicação para a relação entre o caos e a origem do mundo”. Para tanto, percebe-se que a maneira de entender essa relação muda, pois os antigos filósofos acreditavam que os deuses eram representados pela: terra, água e ar para entender a vida.

A partir de agora estudaremos os principais filósofos do período Pré-socrático.

O que foi o período Pré-socrático?

Esse período também conhecido como a fase inaugural da filosofia grega, abrange o conjunto de reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto ( 623 – 546 a.C. ) até Sócrates ( 468 – 399 a.C. ).

No mundo grego, a filosofia teve como berço a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor. Essa cidade foi caracterizada por várias influências culturais e por um rico comércio, foi ela quem abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental. São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.

O objetivo dos primeiros filósofos era construir uma cosmologia ( explicação racional e sistemática das características do universo) que substituísse a antiga cosmogonia ( explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos).

Tales de Mileto ( 625 – 558 a.C. )

Foi comerciante de sal e de azeite de oliva, e enriqueceu como proprietário de prensas de azeitona durante uma safra promissora. Ele previu um eclipse ocorrido em 585 a.C.

A sua doutrina baseia-se na água como o elemento primordial de todas as coisas ( physis, fonte originária, gênese), e que para suportar as transformações e permanecer inalterada, a água deveria ser um elemento eterno. Para ele, o universo é dotado de animação, de que a matéria é viva ( hilozoísmo).

Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um princípio físico, material, chamado de arque. Para ele, arque seria a água.

Anaximandro de Mileto ( 610 – 546 a.C. )

Discípulo e sucessor de Tales. Ele recusava-se a ver a origem do real em um elemento particular; todas as coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em conseqüência do movimento eterno.

Ele foi o iniciador da astronomia grega.

Anaxímenes de Mileto ( 588 – 525 a.C. )

Para ele, o ar representa um elemento invisível e imponderável, quase inobservável e, no entanto, observável: o ar é a própria vida, a força vital, a divindade que “anima” o mundo.

Heráclito de Éfeso ( 540 – 476 a.C. )

Para esse filósofo, a harmonia nasce da própria oposição: “ O divergente consigo mesmo, concorda, harmonia de tensões contrárias como de arco e lira”. A divergência e a contradição não só produzem a unidade do mundo mas também a sua transformação. Foi grande representante do pensamento dialético.

• Dialética exterior – um raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa dissolvendo-se a si mesma.

• Dialética imanente do objeto, situando-se , porém na contemplação do sujeito

• Objetividade de Heráclito, isto é compreender a própria dialética como princípio.

Pitágoras de Samos

Para ele, aquele que compreende todas as relações numéricas chega a essência das coisas.

Ele fundou uma seita religiosa e mística, que tinha como base o orfismo – um culto popular que pregava a transformação da alma e a necessidade da purificação do homem para salvá-la do ciclo das sucessivas reencarnações.

Segundo os pitagóricos, o homem, para se salvar, deve identificar-se com o divino, eliminando de sua vida todos os conflitos.

Parmênides de Eléia ( 530 – 460 a.C. )

Segundo Parmênides, as constantes mudanças, as contradições e os aspectos diferentes que o mundo apresenta são ilusões, meras aparências produzidas por opiniões enganadoras não pelo conhecimento do verdadeiro ser. Esse pensamento inaugura a metafísica ( por não se contentar com a aparência das coisas e buscar-lhes a essência) e a lógica ( o principio da não contradição existente no ser, que é, e no não ser, que não é.

Empédocles de Agrigento ( 490 – 435 a.C. )

Foi médico e místico, defensor da democracia. Nasceu em Agrigento, na Magna Grécia.

Ele acreditava em quatro elementos para o principio gerador de todas as coisas. São eles: terra, ar, água e fogo, que se misturavam em diferentes proporções e formam as várias substâncias que encontramos no mundo.

Anaxágoras de Clazomena ( 500 – 428 a.C.)

Nasceu em Atenas, foi o primeiro filósofo a viver em Atenas. Segundo ele, todas as coisas estavam juntas na origem, formando um todo cuja partes não eram identificáveis, como o caos original da mitologia.

Demócrito de Abdera ( 460 – 370 a.C.)

Para ele, tudo o que existe é composto de átomos, partículas invisíveis e indivisíveis. Os átomos, infinitos em número, combinam-se uns aos outros e formam todas as coisas. Todas as qualidades das coisas como cor, cheiro, peso, som, beleza são movimentos e modos de ser diferentes dos agregados de átomos que formam a respectiva coisa.

Conclusão

Depois da análise feita dos filósofos, percebe-se que cada um deles tinha a sua verdade para entender e, muitas vezes, achar explicação para as coisas que envolvem o mundo ( universo). Portanto, nós, estudantes, devemos ter em mente as reflexões sobre o assunto aqui abordado, e sabermos que nossos questionamentos por mais medíocre que eles sejam no fundo tem fundamento, que para alguns nem sempre são visíveis, mas para o questionador será sempre. Por isso, é preciso questionar sobre os mais diversos assuntos. Deve-se ter a sede do saber e, evidentemente, não acreditar nas manipulações que as informações podem trazer independentes de quaisquer que sejam os meios.

Referências

ABRÃO,Bernadete Siqueira; COSCODAI, Mirtes Ugeda. História da Filosofia, Editora Nova Cultural, 1999.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia . Editora Ática, 8º edição, 1997.

FROMM, Erich. Análise do Homem; tradução Octávio Alves Velho, editora Guanabara, 13ºed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

OCTÁVIO, Ianni. Tipos e mitos da modernidade. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Brasil, 2000.

www.filosofiavirtual.pro.br ( acesso em 03/03/2008 )

www.mundodosfilosofos.com.br/presocratico.htm ( acesso em 03/03/2008 )

Juli Arize
Enviado por Juli Arize em 29/01/2009
Reeditado em 01/03/2009
Código do texto: T1411427