CARNAVAL – RITUAL A FERTILIDADE

Da festividade pagã dos romanos primitivos em prol da fertilidade da terra, à profana festa dos dias atuais, que, mais que o dízimo das pessoas, consome boa parte do seu ano e suas vidas em benefício de um prazer que rápido passa, transformando-se logo em cansaço e dor.

Desde seus ancestrais mais primitivos, os romanos faziam anualmente uma festa de permissividade que durava uma semana, onde homens e mulheres dançavam nus, sendo o sexo entre qualquer pessoa uma exigência com o objetivo de tornar a terra fértil pelo exemplo, fazendo que a colheita fosse abundante.

Consta que as festas da carne (carrum navalis) eram costumes mais antigos, tendo lugar entre praticamente todos os povos pagãos primitivos, entre eles os egípcios. Com a ascensão do cristianismo, porém, por alguns séculos a festa foi posta de lado no sentido institucional, renascendo em torno do século XI da nossa era, quando os governantes das cidades convulsionadas começaram a investir numa festa popular que servia para descarregar as tensões de um povo explorado por seus Senhores e patrões, mal remunerado, desempregado, miserável, cheio de doenças e vivendo em condições desumanas sob um código de leis que levava à forca todo que tivesse o atrevimento de questionar e indignar-se.

Uma vez ao ano era permitido aos insatisfeitos medievais desabafar durante uma semana, quando podiam construir alegorias ofensivas aos governantes, clérigos e autoridades em geral, dançar e pular pela as ruas vestindo fantasias e máscaras, podendo entrar nas igrejas a cantar hinos religiosos com letras profanas, ofensivas aos padres e a Deus. Após essa semana, deveriam voltar ao trabalho e seguir submissos pelo resto do ano, sendo reprimidos com ações violentas caso se manifestassem, como era o caso dos que ficavam na praça sem emprego após a escolha dos trabalhadores para a jornada do dia.

No tempo atual, com o mesmo propósito de pôr “mel na chupeta” do povo sofrido e insatisfeito, abafando seus questionamentos sobre a condição de imbecil animal de carga ao qual é submetido desde que nasce nos segregados subúrbios, o carnaval carrega os mesmos atributos que tinha na Idade Média – mascarar – permitir a pessoa fazer de conta que é o que não é, mascarar sua situação miserável, ofuscar as intenções dominadoras dos governantes e exploradora dos donos dos meios de produção. Além desses, possui também os caracteres romanos primitivos, que é a permissividade sexual, a submissão a um deus extremamente dominador – os instintos pessoais, além de outras permissividades intrínsecas. Sem contar o mais profundo paganismo, onde a intelectualidade das pessoas é suprimido de tal forma que as paixões e excitações as dominam, segando-lhes qualquer razão, permitindo-lhes somente a animalesca imoralidade, onde não se escolhe parceiro, hora, lugar, condição e nem forma de tratar, rompendo totalmente com a ética e o último fio de bom princípio. Tudo sustentado por um investimento fabuloso, que consome das pessoas comuns a economia de um ano inteiro, bem como sua mão de obra incansável, resultando em lucro financeiro, porém, somente para aqueles que investem na divulgação da festa, na exploração do turismo que por ela gerada, bem como do consumo conseqüente, além da indústria que fornece os implementos para as fantasias.

Poderia se dizer que as pessoas que trabalham nessas empresas que fornecem a estrutura beneficiam-se de dos empregos gerados por essa festa banhada a esperma. Entretanto, os únicos beneficiados são mesmo os seus patrões, pois, conforme o padrão explorador do mercado de trabalho, os salários de fome que pagam para os funcionários não representam nada em vista do que faturam.

Sendo assim, apesar do absurdo de chamarem a essa festa profana de cultura, o que, na verdade, se percebe é que toda inteligência nela investida visa aproveitar-se da incapacidade mental (inatividade – preguiça), raso nível intelectual de um povo sanguínio (carnal), entranhadamente impulsivo, dependente, dominado, arrastado, que mascara a verdade com óculos de cavalo, que não cresce porque prefere manter-se como bebê (incapaz), sendo embalado e amamentado com o mingau dos que lhes submetem a este impiedoso coito moral, intelectual e material, tão violento que lhes estrangula até as entranhas. Todavia, o que se percebe é que quanto maior o comprimento e diâmetro do membro que os violenta, maior o prazer que têm e mais eles rebolam e explodem e orgasmos no carnaval.

E, para esclarecimento, tudo que se cultiva é cultura. Cultivar a terra é cultura, cultivar a sabedoria é cultura, cultivar o conhecimento é cultura, cultivar a inteligência é cultura, cultivar os bons princípios é cultura, cultivar esterco é cultura, cultivar a falta de entendimento é cultura, cultivar ignorância é cultura, cultivar a imoralidade é cultura, cultivar a criminalidade é cultura, cultivar o desrespeito e abuso é cultura, sendo cultura cultivar a burrice.

Infelizmente, no Brasil, bem como no resto do mundo, o que mais se cultua é a falta de raciocino. Por isto esse povo trabalha como cavalo, demonstrando ter uma cultura nada superior a de um jumento.