DESABOU


     E Naya "desabou". Desabou de sua avareza, de sua ganância, de sua ânsia em acumular riquesas.
     Desabou ao chão, como muitas histórias de vida desabaram, nas tragédias do Palace I e II.
     Daqui não levou nada. Só deixou: bens aos herdeiros, revolta e sentimento de impunidade aos que perderam seus lares, seus parentes e amigos.
     Curiosamente, Naya "desabou" dois dias antes de se completar onze anos dos desabamentos causados por ele e sua empreiteira.
     Não sei se para onde ele vai existem apartamentos de primeira classe. Talvez os "copos de pobre" que ele recusou em Orlando lhe façam falta.
     A peso de ouro e contando com a morosidade da justiça, esquivou-se o quanto pode de arcar com sua responsabilidade nos trágicos episódios, o que lhe valeria alguns créditos na justiça a qual agora, ele terá que submeter-se. Esta, como diz o ditado popular "tarda mas não falha".
     Que saibamos tirar lições de toda essa tragédia. Que as pessoas tenham humildade suficiente para serem apenas pessoas. E não se sentirem "deuses", acima do bem e do mal, porque vai aqui outro ditado: "quanto mais alto o degrau, maior é o tombo".
     Mais vale o arroz e o feijão conseguidos honestamente do que o "glamour" de uma vida à custa da economia de alguns sacos de cimento a mais (nesse caso, a menos) que resultaria numa estrutura que fosse capaz de dar segurança à milhares de pessoas, moradoras de apartamentos adquiridos na boa fé.
     Ninguém sabe quando vai para o "andar de cima" mas que um dia vai, todo mundo sabe. "Vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora" (Mateus 25:13). Este é o aviso. Siga quem achar que deve.  
     Da vida nada se leva, a não ser o que construimos de bom, isso é fato.