AVIÃO, UM TRANSPORTE DE ELITE

Sempre que precisamos de um transporte rápido, nos vem à mente o transporte aéreo. O que é uma questão de conforto e celeridade para alguns, no Amazonas NÃo passa de necessidade. Num estado onde as estRadas não ligam mais de 10% dos municípios entre si, os rios e o ar sãO os únicos meios de locomoção.

Numa recente reunião do Fórum Estadual de Turismo este assunto voltou à pauta trazido pela Secretária de Turismo de São Gabriel da Cachoeira, senhora Lidiane. A viagem aérea para aquele município custa aos bolsos de cada passageiro o equivalente de uma passagem a Miami, nos Estados Unidos. A necessidade de viajar aos Estados Unidos é inversamente proporcional à necessidade de viajar a São Gabriel da Cachoeira, ou, por outra, vir de lá para Manaus. Isto é, viaja-se aos Estados Unidos mais por laser e para o interior do Amazonas por necessidade.

Ao citar o exemplo daquela cidade cuja pista de pouso comporta aviões do tipo Boing, temos de nos lembrar de outras localidades que têm menos estrutura que aquela. Uma viagem à vizinha cidade de Parintins, custa o mesmo preço que ir a São Paulo. Sem contar que é mais barato ir a Fortaleza do que a Maués, por exemplo.

A necessidade de popularizar o transporte aéreo na Amazônia é premente. Não podemos ficar pensando que seja um luxo. A população do interior deve ter acesso a esse meio de transporte até mesmo para transportar algumas mercadorias. Aqueles que comandam o sistema não têm sensibilidade para isso, uma vez que estão em regiões onde há opções de transporte terrestre. Tal fato é comparável à posição de um educador que acreditava ser um luxo desnecessário a instalação de condicionadores de ar em escolas públicas. Teve de sofrer pelas ruas da capital num carro sem ar condicionado e suar dentro das salas de aula para rever sua posição.

O transporte aéreo na Amazônia não é um luxo. É uma necessidade. De pouco valem ações isoladas, há necessidade de pensar em conjunto. O aeroporto de Parintins foi adaptado para vôos de grandes aeronaves. De pouco adiantou porque na estrutura em terra falta um sistema de rádio. Chega a soar de forma ridícula que um investimento tão pequeno esteja preso na burocracia da Embraer. A ausência desse equipamento impede vôos que poderiam fazer o custo da viagem cair para menos da metade.

O fato de termos um Ministro de Transportes que já ocupou cargos como superintendente da Suframa e Prefeito de Manaus não ajudou a resolver os problemas no Amazonas e região. Se alguma coisa está sendo feita com a ajuda do titular da pasta dos transportes não é perceptível para a população. Talvez, em sua próxima campanha a governador do estado, o ministro tenha de perder muitos dias nos rios, para sentir um arrependimento tardio pela falta de ação quando podia fazê-lo.

Não se trata de achar culpados por erros do passado. Trata-se de encontrar soluções para problemas que não são futuros, mas podem se agravar se nada for feito. Somente quem viaja pelos rios da Amazônia sabe o quanto o avião é necessário. Qual o doente que pode suportar 5 dias e 5 noites, em rios sem sinalização, quando poderia fazer a viagem em três horas? Na era da tecnologia digital, que soluciona tantos problemas de comunicação, não se concebe que o problema de transporte amazônico não encontre uma solução amazônica aliada à tecnologia existente.

Essa não é uma luta isolada. Todos devem engajar-se para encurtar um pouco as distâncias que separam os amazônidas entre si.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 26/02/2009
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