Vestido para a Morte

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

VESTIDO PARA A MORTE

"A túnica era tecida de alto a baixo, sem costura..." - Jo. 19.23.

"Repartem entre si as minhas vestes..." - Sl. 22.18.

Miguel Rizzo, no livro "manto de Púrpura". União Cultural Editora relata, numa linguagem erudita da época, os eventos finais da vida do Senhor, Jesus de Nazaré, nestes termos: "Quem examinar a narrativa do drama do calvário verá que, no decorrer do processo a que foi submetido Jesus, três vezes Lhe mudaram as vestes. Esse pormenor não se explica por nenhuma exigência taxativa de legislação vigente da época. Deve, pois, ter outro significado.

A primeira vez que tal fato se deu, foi perante Herodes [rei de Israel]. Tinha o tetrarca forte curiosidade de ver Jesus e presenciar algum prodígio que Ele, porventura, viesse a fazer. Não havendo sido satisfeita a curiosidade do déspota e tendo-se Jesus recusado a responder as perguntas que aquele lhe fizera, escarneceu do Mestre; mandou que Lhe vestissem uma [1] capa resplandecente e encaminhou-O, assim fantasiado, a Pilatos.

No pretório [lugar de distribuição da justiça] do procurador romano, é que se verificaram a segunda e a terceira troca de vestes da vítima inocente. O evangelista Mateus assim descreve a cena: "E logo os soldados do presidente [procurador] conduzindo Jesus à audiência, reuniram diante Dele toda a côrte. E despindo-O, cobriram-No com uma [2] capa escarlata e, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na na cabeça e em Sua mão direita, uma cana; e ajoelhando-se diante Dele, O escarneciam dizendo:"Salve, rei dos judeus". E cuspindo Nele, tiraram-Lhe a cana e batiam-Lhe com ela na cabeça. E depois de O haverem escarnecido, tiram-Lhe a capa e vestiram-Lhe [3] as Suas vestes e O levaram para ser crucificado". - Mt. 27.27-31."

Quando examinamos acuradamente estes textos, concluímos que as vestes impostas ao Senhor não permaneceram Nele para os últimos instantes de Sua vida terrestre. A capa resplandecente e a capa escarlate não eram Dele. Não Lhe faziam jus. As capas que o mundo nos impõe, não são nossas. Os vícios, o pecado, a imoralidade, a maledicência, a ira, a injúria, o desregramento, não são nossos. São do mundo (kosmos). Não é plano de Deus que capas fantasiosas, resplandecentes ou escarlates, permaneçam sobre nós. Deus quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade. A verdade é Jesus, que vestido com Suas próprias vestes é conduzido ao monte caveira, lugar do Seu suplício final.

O profundo exame destes textos bíblicos nos leva a entender que os quadros, alguns destes magistralmente pintados, e os filmes já produzidos, não retratam a verdade dos acontecimentos, pois o Senhor foi levado com Suas vestes e com Sua túnica, e não despojado delas como visto nas ilustrações. Ensanguentadas e, talvez rasgadas em alguns pontos devido aos maus tratos, na via dolorosa, estas vestes só Lhe foram tiradas no monte Gólgota quando os soldados por sorte as disputaram conforme vaticinado no Salmo de número vinte e dois.

Seu manto é de justiça. É-nos imputado. Nele e por Ele (Jesus) somos feitos justiça de Deus. Ele nos representa. Ele nos adotou como Filhos de Deus. No Seu nome somos amados, protegidos, amparados na misericórdia eterna do Deus que é Justo, Santo e Bom.

Só Jesus.

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O Pr., Th. D., Honoris Teologia / D.D., Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê:

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