A EXCOMUNHÃO DO ARCEBISPO

Acabamos de ser excomungados.

Não temos dúvidas. Fomos excomungados por discordarmos do arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que considera o ato de aborto mais pecaminoso que o estupro. Afinal, por essa questão, ele já excomungou alguns. Após uma menina de nove anos interromper a gravidez de gêmeos advindos do estupro praticado por seu padrasto, a equipe médica envolvida no procedimento e a mãe foram excomungados. Lamentavelmente, a atitude do religioso mereceu a aprovação dos seus colegas daqui do Brasil e até do Vaticano. Parece que ainda estamos na Idade Média! Aliás, que parte da igreja católica ainda lá se encontra, isso sempre foi evidente.

Não estamos aqui defendendo ações que elimine vidas. Pelo contrário: queremos que haja critério, que se decida por atitudes mais ponderáveis na preservação exatamente da vida.

Como é sabido por todos, os médicos foram obrigados a aquele procedimento visto que a garota corria risco de vida em razão da gravidez de gêmeos que obtivera. Gente, uma criança de apenas nove anos não possui nem o aparelho reprodutor totalmente formado! Entretanto, o arcebispo não levou nada em consideração. Defender a vida de fetos em detrimento à vida da mãe que é uma garotinha vítima de estupro, para o citado prelado é mais importante.

Se fosse ao tempo de Jesus Cristo, certamente esse insensato religioso atiraria pedras naquela mulher flagrada em adultério e que fora levado à presença de Cristo para o tentarem. Jesus ali demonstrou a importância do discernimento, acima de doutrinas, ao se desejar fazer justiça. E não excomungou ninguém.

A mentalidade desses religiosos, (não só católicos), apegados a preceitos criados por suas igrejas, acaba deturpando não apenas a lei dos homens, mas principalmente a lei de Deus. Portanto, no caso aqui abordado, entendemos que se alguém mereceu uma excomunhão, além do estuprador, foi esse inquisidor que julga um aborto de extrema necessidade ser merecedor de uma condenação, enquanto que o estupro e a pedofilia, serem dignos de uma indulgência.