QUANDO CAI A FICHA

Há quanto tempo estamos no caminho, na busca, procurando as respostas para as eternas perguntas, que fustigam nossa alma? Perguntamo-nos: estamos no rumo certo? O que o futuro nos reserva? Obtivemos algumas respostas, através do estudo, da pesquisa, da reflexão, mas, existe um sentimento de que “ falta alguma ingrediente, para fazermos o bolo mais apetitoso “, ou seja, uma vida mais feliz.

Na Grécia, em Delfos, o templo erigido em homenagem ao deus Apolo, continha duas inscrições. A primeira dizia “ Conheça-se a si mesmo “, e a segunda, sentenciava “ Nada em excesso “. Os gregos eram mestres na arte da observação, donde nasceu a filosofia, por isso mesmo, deixaram gravados para o futuro, esses dois preceitos, tão simples, e ao mesmo tempo, tão complexos.

Aquele que procurava o templo de Apolo, buscava respostas à sua vida, no contato com a pitonisa do deus – a médium clarividente -, que em transe profetizava sobre o futuro do devoto. Assim como nós fazemos com as artes divinatórias – tarot, runas, cartas, búzios, e outras -, nos dias atuais, os antigos gregos procuravam uma luz, que iluminasse a escuridão das dúvidas, dos temores, incertezas, inerentes à condição humana.

Os homens mudaram a face do planeta com a sua tecnologia, mas, em essência, continuamos muito parecidos com nossos antepassados mais distantes, quando começamos a utilizar a agricultura, a constituir as primeiras sociedades tribais. Procuramos, ansiosamente, saber o que nos reserva o futuro, esse grande desconhecido.

Voltando as sábias advertências insculpidas no templo de Apolo, em Delfos, deparamo-nos com proposições fundamentais, para que possamos “ saciar “, sensivelmente, a sede de sabermos sobre o amanhã. Os sacerdotes de Apolo sabiam da curiosidade natural do homem, em antecipar, no todo, ou em parte, o tempo porvindouro.

A pitonisa fazia suas previsões, e o fiel recebia sua informação, mas, os sacerdotes observavam, que o conhecimento do futuro não era suficiente para trazer a tão almejada tranqüilidade ao homem. Haviam muitos obstáculos a serem transpostos, antes da felicidade.

Sabiamente, por haverem penetrado nas profundezas de seus próprios espíritos, deixaram escritos as duas sentenças: Conheça-se a si mesmo, e Nada em excesso. Estabeleceram uma conduta, uma fórmula de alcançarmos a paz.

Quando nos dispomos ao “ Conheça-se a si mesmo”, e ao “ Nada em excesso “ iniciamos uma reformulação nas estruturas mais íntimas da nossa alma imortal. Começando pelo fato de que aquele disposto ao autoconhecimento, aplica-se em assumir o controle de sua vida, de seu destino, não mais transferindo responsabilidades a outrem, sejam homens, ou deuses, por seu presente, ou futuro.

Adotando a moderação, como conduta diária em sua vida, escapa às armadilhas dos radicalismos fundamentalistas, tão comum, infelizmente, até nas pessoas que buscam a espiritualidade.

A resultante da união do autoconhecimento e da moderação daremos o nome de SABEDORIA. Quando encontramos nossa motivações pessoais mais profundas, nossas razões de estarmos nesse mundo, a moderação passa a ser um conjunto de ferramentas, que ao contrário de nos levar à inércia, impulsiona-nos à frente.

O véu do futuro ou dos prováveis futuros, que tantas angústias nos trazem, dissipam-se, desvanecem-se, e mesmo quando o consultamos com o auxílio das modernas pitonisas, que hoje usam outros instrumentais para vasculhar os caminhos do tempo, constatamos que o autoconhecimento e a moderação, são âncoras poderosas, mantendo nossos pés, no ETERNO PRESENTE.

O autoconhecimento coloca-nos em contato com muitos recursos de que dispomos, em nossa mente, para alterar o rumo de nossas vidas, dentro do critério da moderação, para que não nos percamos, em exageros de qualquer espécie. Do que valeria obtermos a pedra filosofal, que transforma chumbo em ouro, se fôssemos igual ao rei Midas?

No que tornaríamos, se soubéssemos, com o que somos hoje, que no futuro ocuparíamos importante cargo público? Outras perguntas poderiam ser feitas, e sinceramente, entendo que sem o autoconhecimento e a moderação, tanto um provável futuro brilhante, como um presente insatisfatório, seriam um poço de problemas insolúveis.

A assertiva do Sidarta Gautama, o Buda, serve para o andarilho do caminho da espiritualidade, ele recomendava: MEDITA!

A mente humana, instrumento do espírito, da consciência, quando explorada, pacientemente, pelos processos da meditação, abre-nos as portas do verdadeiro conhecimento, de forma moderada, para que possamos lidar com o tempo presente, eliminando o desejo – quase sempre obsessivo -, de antecipar o futuro.

Seja lá qual for o caminho que estejamos trilhando, dentro do imenso território do espírito, busquemos o autoconhecimento e a moderação como normas de condutas, afim de que possamos viver intensamente o presente – com elevado padrão moral e ético -, sabendo que o futuro, dependerá do nosso aqui e agora.

Concluímos que nada pode nos dar conhecimento, quando buscamos a sabedoria fora do nosso espírito: nem a magia, nem a alquimia, nem as artes divinatórias, entidade espirituais, gurus, e todo o arsenal da espiritualidade.

A felicidade almejada está bem na frente dos nossos olhos, nem no aquém, ou no além: será que a nossa “ficha” vai cair?

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