O DIREITO DE SONHAR

Já estou beirando os cinquenta, mas ainda não me sinto velho, muito pelo contrário, tenho alma de criança e mente sonhadora. Sempre sonho e sonho muito. Sonho com um mundo mais justo para todos e com os seres humanos mais honestos e menos mercenários.

Seria tão bom se as pessoas negociassem sem o interesse de “lucrar” sempre tomando um pouco do que o outro tem. O lucro é justo, e é a alma do negócio, mas tem que ser justo e não demais.

Por que é que quando alguém vai vender um carro não diz ao comprador os defeitos que o carro tem? Se o carro é usado, é natural que ele já tenha algum desgaste, algum defeito. Isso diminui um pouco o valor, mas não deixa de ser um carro e de ter o seu próprio valor. Mas quem vai vender sempre esconde um desgaste no motor, uns pingos de ferrugem, etc. Por que tem que ser assim?

Os políticos. Ah! Os políticos. “Esses são os culpados de tudo”. É assim que a maioria da população pensa. Mas será que alguém já parou pra pensar que quando se esquece a carteira de motorista em casa e se é parado pelo guarda rodoviário, a primeira coisa que se deseja é oferecer uma “gorjeta” ao policial para se livrar de uma multa? Será que quando alguém recebe um troco a mais, de imediato o devolve ao vendedor ou sai rapidinho do local para “ganhar” esse troco?

E nas eleições, a gente vota no mais honesto ou simplesmente diz: “eu só voto em quem me der alguma coisa?”

Todos nós sabemos que infelizmente, a grande maioria dos políticos deixa muito a desejar. Faz falcatruas, comete irregularidades e vive às custas do desvio de dinheiro público. Mas não é louvável, simplesmente generalizar e dizer que todos os políticos são iguais.

Que todos calçam quarenta. Em todas as profissões existem os bons profissionais e os profissionais desonestos. Em todas, sem exceção.

Será que não está na hora de nós procurarmos ser mais corretos e menos mercenários? Será que só existe felicidade se houver dinheiro em sobra? E principalmente, se esse dinheiro for usurpado de outrem?

Acho que já está na hora de cada um procurar fazer a sua parte e ensinar aos seus filhos que dinheiro é muito bom. É bom, mas só presta quando ele é adquirido com trabalho e dignidade.

Eu sonho com o dia em que todos nós possamos olhar para os outros sem querer tomar alguma coisa dele. Sem querer levar vantagem em tudo. Ah! Como eu sonho.

Ismael Gaião da Costa

15 de janeiro de 2009