ATIREI O PAU NA ARTE

Sejamos sinceros...

Assumamos a "verdade verídica"rsrsrsrsrs

Acabaram-se as novidades humanas.

O novo é atitude e privilégio dos telefones celulares.

Nós deixamos de bater tambores e o teclado nos dominou.

O mundo das artes, tenho a impressão, vive os seus dias de deserto onde "novos artistas" assumem a postura de arquiologos desenterrando múmias e expondo novidades grisalhas.

Fazer arte nunca esteve tão desassociado da vida.

Copio, logo existo.

A arte virou um playmobil virtual.

Qualquer um, independente de suas vivencias, pode criar sua própria "Guernica" se tiver paciência pra procurar e dinheiro pra comprar o programa adequado.

Assim Picasso se tornou broxante e os travestis da Amaral Gurgel reivindicam para si a aura das prostitutas de Loutrec.

Tudo tão plástico, descartável e angustiante que as vezes tenho quase certeza de estar vivendo numa copia remasterizada de "Os Últimos Dias de Pompéia".

Uma vez órfãos da arte e adotados por marchads pirateados direcionamos todos os nossos sonhos, frustrações complexos e recalques para as telas de nossos computadores.

Nos tornamos viciados pelo efêmero.

Verdadeiros masturbadores mentais!

Viva os alucinógenos cerebrais: comunidades de pedófilos, sado-masoquismo pelo telefone, sexo tantrico pela webcam e George Orwell no horário nobre...

Não me admiro que sejamos a geração do aneurisma cerebral.

A arte abandonou o caminho dos sentimentos e perdeu-se nos labirintos mentais...

E eu termino de ler "Os sete gatinhos" de Nélson Rodrigues e atordoado com a tragédia suburbana sento diante do computador e atiro o pau na arte. Crime? Assassinato? Não. Eu só to dando uma forcinha.

Como católico acredito que é morrendo que se vive para vida eterna.

Agora é esperar a ressurreição.