Na idade do Lobo. (Geração Boca de Sino)

O futuro chegou. Após anos de aprendizados, chegar aos quarenta anos significa apossar-se da melhor fase da vida. Muitos intelectuais concordam com essa afirmação e têm lá suas razões. Não se trata de uma postura que todos tenham que assumir; outros fatores – biológico, emocional, educacional, religioso, classe social – interferem antecipando ou retardando essa conquista. Com uma expectativa de vida em torno dos setenta anos, no Brasil, atingir esse limite significa estar avançando para o fim de uma estrada desconhecida, mas necessária.O certo é que o homem ou a mulher, quando atingem esse patamar mostram-se mais tranqüilos. Todos os “quarentões” ou “quarentonas” já superaram provações que lhes deram experiências. É um caminho sem volta. Mas nem tudo é tristeza. Atingir a maturidade é uma conquista. Todos os lobos, quando adultos, conhecem o terreno por onde pisam; são senhores dos pormenores das coisas boas da vida. Como já dispõem de um papel definido na sociedade, sabem que agora já não há espaços para sonhos e sim para a realidade. Ciente de que a vida já definha, as lutas são direcionadas para os mais belos ideais. Há, no entanto, o lado triste da história. Nessa etapa o organismo cobra os efeitos das tardes ensolarada da adolescência, da cuba libre, das noites da Disco, das experiências com as drogas leves, da exagerada busca pela vida sexual limitada pelo avanço das DSTs no final do século passado. Outra ducha de água fria que cai sobre os homens é o câncer na próstata.

As dificuldades orgânicas femininas são superadas. Elas, desde cedo, são obrigadas a se exporem aos cuidados médicos; portanto, na chegada da menopausa, suas conseqüências são menos dramáticas. Ao contrário, os homens enfrentam outra dura prova. Por terem sido criados nos hábitos severos do machismo, o preconceito de se expor ao desafio do toque retal os atormenta. Uma ampla campanha esclarecedora vem sendo feita para que eles entendam a necessidade da prevenção. Não contido em tempo, o câncer é uma moléstia que causa muito sofrimento ao paciente e aos familiares. Logo, prevenir é poupar dores e transtornos; isso, sem falar na probabilidade maior de óbito prematuro. Sensato é todo aquele que estiver entrando nessa faixa etária, deixar se levar pelos benefícios da prevenção e partir em busca da cura desse sintoma que, quando agravado, oferece resistência. O toque retal masculino, hoje, é um ato de superação e, acima de tudo, de sabedoria.

(Geração Boca de Sino)

No linguajar da adolescência "setentista" seria mais ou menos assim: Para que ficar “encucado”, irmão; para quem já teve uma “cuca legal”, “ser ou não ser” é melhor “tar por cima”. Todo “pão” tem que “dar um rolê” e levar “um léro” com sua “pantera”; com um “papo legal” e sem “caretice”, falar com ela das suas ansiedades. Nada é tão “chocante”.” Contanto com o apoio da “gata” tudo vai ficar “às pampas”! “Bicho”, não vai “dar bode”! Todo doutor é profissional e cada diagnóstico é apenas mais um no consultório dele. “Podes crer amizade", tudo vai ficar “numa boa”; então, “qualé o grilo”? É um “grande barato” “tar ligado” na saúde, "sacô"!. É hora de se deixar “fazer a cabeça”. Saia do “sufoco” e antes que a coisa fique “ruça, podes crer que a galera tá contigo e não abre”. “Se liga” no vai e vem das ruas. O estilo Boca de Sino está de volta. Veja quanta “tigreza” expondo o umbiguinho, a “barriguinha” sexy, valorizando as camisetas, os cabelos soltos e com barras de quarenta centímetros montada num “plataforma”. É "isso aí"! “Não fique só na sua, caia na estrada” e procure “curtir a vida’.“É legal” “tar por dentro” das novidades. Como a moda, é hora de voltar no tempo; e, sem ser “patrulhado”, "sair por aí". Ainda há muito para se viver daquela “paz e amor” que se pregava na juventude, falô”!.

A Notícia - março de 2005.