QUEREM É FECHAR O CONGRESSO?

Atualmente o Congresso Nacional enfrenta uma série de problemas, internos e externos. Externos, com a mídia; internamente, com o mau comportamento dos seus próprios membros, feitas as honrosas exceções, é claro. As denúncias de trapalhadas e marmotas dos parlamentares crescem dia a dia. E eu fico penalizado com este atual baixo astral do Congresso, que, em tese, devia ser uma instituição intocável e irretocável. Ao invés de querer, como boa parcela da população, o seu fechamento, me dá muita pena das duas maiores casas legislativas brasileiras.

O desgaste que sofrem por conta das acusações é muito grande e todos sabem que há, lá dentro do Parlamento, felizmente, exceções de alto valor moral. Sem querer me alongar na seleção, citaria Pedro Simon e Cristovam Buarque como dois nomes íntegros e notáveis. Por conta destas e outras raras louváveis exceções é que sinto dó do Congresso Nacional, instituição necessária em qualquer nação civilizada.

Listas de nomes com manchas de corrupção circulam na imprensa e pela internet. Um dos e-mails que recebi enumera deputados e senadores que se beneficiaram com polpudas verbas de empreiteiras, construtoras e outros tipos de balcões comerciais. Vale dizer, parlamentares que se habilitaram por vontade própria – mesmo antes de suas eleições ou reeleições – a se tornar vulneráveis ou corruptíveis.

Ora, se alguém recebe bom dinheiro de fontes empresariais para eleger-se ou continuar se perpetuando no cargo, é porque, inevitavelmente, em tempo futuro e oportuno, esse beneficiado irá usar de seu poder de influências para elaborar projetos ou dar apoio a matérias que só deságuam em favor das empresas corruptoras.

Mas todas as empresas são corruptas? Não estou dizendo isso. Acontece que a maioria, que se alimenta dos lucros sempre crescentes, impera no terreno minado dos expedientes ilícitos.

Além dos casos das verbas dos empreiteiros, uma onda avassaladora de informações corre aos quatro ventos de que “depufedes” e senadores fazem uma desbragada farra de viagens, ao exterior, levando a tiracolo membros da família, amantes e até o papagaio. As verbas para esse ir e vir dos congressistas é de tal monta que alguns fretam jatinhos particulares e se arremessam na aventura de viagens e mais viagens, tantas e injustificáveis que elas já saem pelo ladrão.

Entram presidentes da República e lá se vão embora, à francesa, cada qual querendo se reeleger ou “passar” o seu sucessor, mas uma reforma política séria e radical não se realiza. Fala-se no assunto “reforma política”, as ideias se esvaem ou não emigram dos papéis. Leis as mais obsoletas entravam o Judiciário, daí a impunidade comer de esmola. Ninguém vota mudanças, por inércia, preguiça ou incompetência. No entanto, na ordem do dia, está sempre em discussão o tema das verbas do paletó e da moradia dos parlamentes, em Brasília, mesmo tendo lá seus luxuosos apartamentos. Enfim, sempre os interesses pessoais é que prevalecem.

Votam-se as coisas mais esdrúxulas no Congresso, como, por exemplo, o aumento do número de vereadores, quando estes pesos mortos teriam é que ser bem reduzidos. Reduzido também o número astronômico de deputados estaduais, federais e senadores, que só mamam nas tetas do Erário. Merece registrar o esforço vão do recém-falecido deputado Clodovil Hernández que aventou a ideia e entrou com o projeto para reduzir-se a cifra desmedida de parlamentares. E os seus pares o que faziam era chacotear do sonho quixotesco do saudoso e polêmico deputado.

Por fim, ao que parece, há uma orquestração no ar para que se feche o Congresso. Isto seria o caos. Por favor, nem pensem nisto. Todos os países civilizados do mundo o possuem, mas com disciplinamento. Com ordem, lisura e vergonha na cara. Ninguém quer ver mais ditadura no Brasil. Bastaram as que já tivemos, todas incompetentes e ineficazes no ordenamento de uma organização social e política compatível com as atuais democracias do mundo moderno.

Moralização e mudança comportamental do Congresso, sim. Isto é o que se faz preciso, e já! Fechamento do mesmo, nunca. Isto seria um tremendo desatino. Não queremos que o Brasil vire um Haiti, um Iraque, Paquistão, Afeganistão ou uma Palestina, com tropas armadas de ianques e seus esbirros aliados nos cagando regras.

Fort., 24/04/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 24/04/2009
Reeditado em 24/04/2009
Código do texto: T1557183
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