O ESCÂNDALO DA PASSAGEM AÉREA.

Amplo espaço na mídia para os escândalos do Congresso Nacional, maracutaias maiores e menores. No Senado Federal, na Câmara de Deputados. Última destas as passagens aéreas. A mancha negra parece que alcança todos os brancos. De Gabeira a Adriane Galisteu e Fábio Faria. Uma farra! Como anda livre a imoralidade neste Brasil! Irregularidades típicas de falta de Decoro Parlamentar: “Qualquer caso de passagem que não tinha regra é passado”, diz o deputado. E parece que o entendimento se generaliza e se confirma na palavra do Chefe da Casa Legislativa. Como não tinha regra? Em que lei, em que norma jurídica, em que léxico pode-se entender que o uso do dinheiro público é lícito ao gozo pessoal do servidor público? Ou o senador da república e o deputado, o presidente da república e seus ministros não são agentes públicos? Não? Se não, em que categoria funcional, mais nobre se qualificam? Príncipes? Até estes são servidores do Poder Público. E os reis também. Ninguém pode usar o público como privado em nenhuma hipótese sem que infrinja a regra da legalidade. Pode usa-lo apenas no desempenho do serviço oficial, isso mesmo quando o uso for expresso em lei. A passagem ao agente público quando em serviço sim. Só a este e em serviço, à esposa não, jamais à namorada, nunca em passeio. No caso do congressista, pode-se fazer legal o uso da passagem? Ao deputado e ao senador, só a estes, repitamos. A esposa é sua, não é do Poder Oficial. Ainda assim! Ainda assim! O congressista é eleito e remunerado para representar o povo. Se sua casa de trabalho está em Brasília, em Brasília deverá residir. Falo em termos de moralidade. Sobretudo quando dispõe de residência oficial na Capital da República. Se fora daí reside por conveniência sua, em seu estado ou em outro que seja, o problema é seu. Há de custear a passagem para o local de trabalho. E o combustível para o carro.

Venho de um tempo, senhores, em que a sede do governo estava no Rio de Janeiro e não se falava de avião. Os congressistas tomavam passagem de navio às suas custas, isto é, paga com sua remuneração e com eles a família – mulher e filhos. Residiam na Capital, vinham aos seus estados no período de férias e ao fim destas retornavam ao seu trabalho de representantes do povo. Representavam efetivamente o povo. Parece que hoje mais representam os grupos empresarias, sobretudo os ligados à empreita de obras públicas, está dito e repetido nos vários escândalos fiscalizados pela imprensa, rádio e televisão. Viva a imprensa brasileira! Viva a comunicação escrita, televisionada e falada que abre manchetes escandalosas quando de escândalo se trata, e põe a nu a malandragem. Começa a juntar-se à onda moralizadora da mídia, a comunicação da internet. Que venha esta com a força da notícia multiplicada no espaço internacional da onda artesiana. Que venha!

O congressista brasileiro parece que se sente dono da pátria, que toma como coisa sua, quando devia sentir-se como seu preposto. Não teme a cara da rua, a cara pintada do povo.

Será que disse alguma coisa errada? Falta dizer muito mais cara-pintada!

24-04-09.