O TER mais ou o Ser mais?

O que dizer a quem soma, divide e comunga todo dia os desafios, os ideais, as tristezas e as alegrias do espaço de trabalho e de tantas aprendizagens?

Obrigada a todos por fazerem parte de nossa equipe de trabalho, onde juntos professores e demais servidores fazem da escola espaço de formação, para transformação do estágio atual de consciência dos sujeitos para outro ideal, que se encontra no horizonte pessoal, que se larga infinitamente conforme seja os encantos que o ser encontra e que busca para si, com estudos e aprendizagens.

Essa formação ocorre pelas inúmeras relações, sobretudo humana, que não fiquemos distantes, indiferentes pela estrutura de trabalho existente, dos sentimentos que fortalecem os laços da gente: amor, compreensão, companheirismo e solidariedade. Ouvindo e sentindo a necessidade que se apresenta nos múltiplos olhares daqueles que merecem os nossos cuidados, que nos chegam ou que nos captam. Lembre-se que lidamos com uma geração que não compreendeu ainda, a importância do dever de educar-se, do envolver-se com o que temos a lhe oferecer, de participar das oportunidades criadas, é o que justifica termos no que trabalhar/atuar como sujeito socialmente histórico. Por isso, a realidade por mais que nos pareça perversa, deve ser sempre objeto de intervenção para humanização.

A missão de educar não é tarefa fácil, não é qualquer ser que se habilita para esse dever para com a sociedade, porque nossa obra é sempre inacabada, o ser humano é o único entre todos os que têm vida, que vive em busca constante da perfeição, neste mundo, a revolução deste e sua salvação em outro plano. Fazemos apenas uma parte desse universo de possibilidades, que a crença e a perseverança podem dar materialidade histórico - cultural. E os resultados nem sempre se apresentam em curto prazo, especialmente aos que fazem parte da cultura imediatista.

Para refletir, acrescento que o verbo ter, de grande valor nessa sociedade consumidora, só tem lugar do lado do professor para designar hora-aula, carga horária e várias horas. O ter enquanto valor para o educador, só se emprega enquanto ser detentor de sabedoria, já que promove os meios adequados para as aprendizagens desejadas, aos alunos pelos quais é responsável. Isto porque o objeto do trabalho situa-se no campo da qualificação do SER. A título de exemplo, o pedreiro faz seu cliente TER uma nova casa, o vendedor faz seu patrão TER mais lucros com as vendas. Já o professor, só faz o aluno SER mais... educado, humano, competente para as exigências contemporâneas, fraterno, etc. No entanto, quando o trabalho é ressignificado, por novas práticas, o próprio educador é um ser transformado. Seria esta uma das razões, que ainda persiste sem definição prática, os dilemas da Política da Valorização, dessa profissão que se confunde com missão, já que fazemos parte de uma sociedade classista, em que a disputa pelo poder nem sempre é com lealdade, e ainda é de mercado? Onde o valor do ter mais se sobrepõe ao de SER mais...?

Tereza de Jesus Rodrigues de Oliveira

Educadora e gestora

Taina
Enviado por Taina em 26/04/2009
Código do texto: T1560880