PARABÉNS PARA MIM - HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO.

Escrever um artigo com um título desses é coisa de cabra amostrado. Pode ser que eu seja, não sei, mas ao contrário da maioria das pessoas, eu não espero alguém lembrar o dia do meu aniversário. Eu saio dizendo pra todo mundo. Para me parabenizar, dedico o dia de hoje de hoje, a mim mesmo, já que ontem eu comemorei batendo com meu carro em um carro da Justiça, hoje contarei um pouco do meu dia a dia.

Como dizia o poeta Vinícius de Moraes, “a vida é a arte dos encontros, embora haja tantos desencontros pela vida”. A partir do instante em que resolvi me afastar da política, no ano passado, para dedicar-me à minha família e amigos, começaram a ressurgir coisas maravilhosas, que há tempos eu não curtia.

Primeiro tive a ideia de escrever um livro, um dos meus sonhos acalentados. Eu não sabia sobre o que, mas sabia que um dia escreveria. Até já escolhi o nome: “Retalhos de uma vida em verso e prosa”, e já o dividi em capítulos, um dos quais, deu nome a uma ousada coluna que assino no blog Jornal da Besta Fubana, “Colcha de Retalhos”.

Por minha ligação com Condado, terra onde nasci, meus conterrâneos acham que devo escrever sobre aquele município, pois há uma lacuna muito grande nas histórias contadas, até agora, sobre aquela terra. Para muitos deles, alguém deve contar as histórias do povo e não apenas das elites políticas, financeiras e intelectuais, como até hoje se fez. No entanto, tenho certas dificuldades ao escrever sobre meu torrão. Primeiro porque eu não sou historiador, apenas tenho muitas histórias pra contar e segundo, porque produzir um livro só sobre Condado, eu acho muito provinciano.

Eu vivi boa parte deste, quase meio século de vida, no Recife, outra cidade que eu amo demais. O Recife me abriu novos horizontes, pois além de estudar e trabalhar, eu curti muito seus bares, em noitadas maravilhosas e finais de semana alcoólicos, muito bem acompanhados. Aqui fiz grandes amigos, trabalhando e estudando.

Nessa terra abençoada, também encontrei o amor da minha vida, Walkíria. Minha esposa, amante, amiga, irmã, companheira dedicada em todas as lutas e de todas as horas. Em setembro vindouro comemoraremos as nossas bodas de prata. Também no Recife, nasceram meus dois filhos, Isabela e Ismaelzinho, frutos de um grande amor. Não é preciso dizer que os amo, mas eu digo.

Nesta caminhada também vivi e curti Pesqueira, a penúltima cidade do Agreste pernambucano. Walkíria é de lá, e por isso tive a oportunidade de conhecer uma cultura riquíssima e diferente da nossa Zona da Mata. São belezas diferentes, mas igualmente belas. Lá também fiz grandes amigos e brinquei muitos carnavais. Participei de festas como, Santa Águeda, São João, Do Doce e da Renda, Natal, Ano Novo e, mais recentemente, o Circuito do Frio.

Há seis anos trabalho em Carpina, outra cidade rica em cultura popular. Nas horas vagas, é onde eu faço minhas farras, com grandes amigos, à base de violão, poesias e muita conversa mole. Com meus colegas de trabalho e amigos de cachaçadas, viajo, geralmente, de terça à quinta-feira, por toda à Zona da Mata de Pernambuco, litoral da Paraíba e Rio Grande do Norte. Trabalhando durante o dia e curtindo as noites. Portanto, escrever um livro apenas sobre Condado, seria praticamente impossível para mim.

Também não pretendo que seja um livro de poesias, porque não iria agradar a quem não curte tanto as poesias, tornando-se uma leitura cansativa, para alguns. Muito menos pretendo que seja um livro sobre política, apesar de ter sido vereador, por dois mandatos e ter escrito muitos panfletos e cordéis com críticas aos prefeitos. Principalmente agora, quando no Brasil, já não existem direita nem esquerda, progressista, nem conservador. Todos são farelo da mesma gamela ou farinha do mesmo saco. Querem apenas o poder pelo poder e o enriquecimento ilícito, através das corrupções.

Além de todas essas dúvidas, três grandes amigos, Zelito Nunes, Roberto Vieira e Ricardo Otaviano, que convidei para prefaciar, orelhar e fazer uma apresentação do livro, me embatucaram com a mesma pergunta: “Qual é a linha que você pretende seguir nesse livro?” Pronto, aí lascou. O livro empacou, feito burro n’água.

Achando pouco, aceitei o convite do grande escritor Luiz Berto Filho (Papa Berto I, da Igreja Católica Apostólica Sertaneja), para escrever na gazeta da bixiga lixa (Jornal da Besta Fubana). Não consegui mais parar e parei o livro. Só que aí eu levei uma vantagem, muita coisa que escrevi para o Besta Fubana poderei usar no meu livro. Se é que um dia ele saia.

Por toda essa confusão e uma cabeça cheia de dúvidas, parabéns para mim!

Recife, 07 de maio de 2009