O que, REALMENTE, deveria - a nosso ver - ter constado nesse (des) ACORDO ORTOGRÁFICO
Se há possibilidade de facilitar o apren-
dizado da língua portuguesa ? É óbvio que sim. É claro que isso iria
alterar, em muito, toda a estrutura, até então, vigente e bastante
arraigada.
E uma das alternativas para se atingir
tal objetivo (facilitar o aprendizado da língua) seria a adoção de
itens que conseguissem aproximar ao máximo a LÍNGUA ESCRITA
da LÍNGUA FALADA (conforme veremos, nas sugestões, abaixo, re-
lacionadas).
O que deveria ser abolido / alterado :
1) A aplicação do sistema de identificação da sílaba tônica das pa-
lavras conforme acontece na língua inglesa através do emprego
do DIACRÍTICO DE TONICIDADE (apóstrofo antes da sílaba tôni-
ca de cada palavra. Ex.: A atual palavra MAMÍFERO passaria
a ser grafada assim : Ma'mífero, em que o apóstrofo indicaria
que a sílaba seguinte ("mi") é a sílaba tônica desta palavra.
COM A ADOÇÃO DISSO, um conteúdo gramatical (chato) a
menos.
2) EMPREGO DO ALFABETO FONÉTICO :
Os sons de /s/ (si)
a) O som de /s/ (si) NO MEIO DA PALAVRA - como na palavra
"missa" seria com a letra "c" - antes de "e" ou "i" - ou com a
letra "ç" - antes de "a", "o" ou "u" (Neste caso, "miSSa" seria
grafado como "miÇA"
b) O som de /s/ (si) com a própria letra "s" SÓ ocorreria no
INÍCIO ou FINAL DA PALAVRA.
Ex : "CenaS" passaria a ser grafado como "SenaS" .
Com a adoção de tal critério, SERIAM IMEDIATAMENTE ABOLIDOS
OS DÍGRAFOS "SS" e "SC" que tanta dificuldade traz aos alunos.
3) O som de /z/ (zê)
SÓ seria conseguido com o emprego da própria letra "z" .
Dessa forma, SERIA ABOLIDO O EMPREGO DO "s" NO MEIO DE
VOGAIS QUE, ATÉ ENTÃO, PROVOCA O SOM DE "z", como acon-
tece com a palavra "Casa" (que passaria a ser grafada como :
caZa)
4) Conjugação do Imperativo Afirmativo
Assim como o imperativo NEGATIVO, o imperativo afirmativo
tomaria por base a conjugação do subjuntivo presente, inclu-
indo a NÃO SUPRESSÃO do "s" na 2a. pessoa do singular ou
do plural - "tu" e "vós"
Veja como seria :
(Tomemos por base o verbo CANTAR ...
Conjugação do subjuntivo presente :
que eu cante/que tu cantes/ que ele-ela cante/
que nós cantemos/que vós canteis/ que eles can-
tem)
Conjugação do imperativo negativo :
(Lembrando que NO IMPERATIVO, não devem ser
usados - conforme explicado em artigo especí-
fico - os pronomes pessoais "eu", ele, ela, eles,
elas : eu - sairia; ele-ela - seriam substituídos
por você; eles-elas - seriam substituídos por
vocês ) :
NÃO cantes tu / não cante você / não cantemos
nós / não canteis vós / não cantem vocês.
Conjugando o imperativo afirmativo :
No critério atual :
canta tu (aproveitado do indicativo presente e
com a supressão do "s") / cante você (
aproveitado do subjuntivo presente / cantemos
nós( aproveitado do subjuntivo presente)/ cantai
vós (aproveitado do indicativo presente e com a
supressão do "s") / cantem vocês.
No critério, ora, sugerido :
cantes tu (aproveitando o subjuntivo presente e
sem a supressão do "s") / cante você / cantemos
nós / canteis vós (aproveitando o subjuntivo pre-
sente e sem a supressão do "s") / cantem vocês.
OU SEJA :
A única diferença na conjugação do imperativo
afirmativo para o imperativo negativo é o uso
do advérbio de negação "não" (óbvio, no impera-
tivo negativo).
5) PALAVRAS COM "h" MUDO (no início da palavra).
Critério atual :
É usado para palavras de etimologia conhecida e para as de
etimologia às vezes desconhecidas.
Critério sugerido :
Somente seria usado o "h" no início das palavras naqueles ter-
mos cuja etimologia fosse REALMENTE conhecida (por exemplo :
algumas palavras de origem indígena ou africana mas que não
se soubesse a sua real ORIGEM etimológica seriam grafadas
SEM O H.
Tomemos por base a (suposta) palavra HARÉM.
Consideremos que ela, no dicionário, não especifica a sua origem
etimológica. Passaria a ser grafada como : ARÉM.
6) ABOLIÇÃO DA PALAVRA "VOCÊ" como pronome pessoal do caso
reto (e, por consequência, como uma das pessoas do discurso).
Solução ? O "tu" passaria a indicar o interlocutor no singular e
"vós", o interlocutor do plural.
7) Nas regras de concordância verbal, deveriam acabar o item "casos
em que o verbo TANTO PODE IR PARA O SINGULAR COMO PARA O PLU-
RAL". A nosso ver, deveria se unificar : ou a regra indicaria SOMENTE
O USO DO VERBO NO SINGULAR ou SOMENTE O USO DO VERBO NO
PLURAL
eX : Um bando DE PÁSSAROS voou ou voaram (concordância
possível atualmente)
Pelo que estamos propondo :
Ou seria só : um bando de pássaros VOOU
ou
seria só : um bando de pássaros VOARAM .
8) Ainda nas regras de concordância, ABOLIR o caso da concordância
verbal do sujeito posposto quando esse for formado por mais de
um núcleo (que permite a concordância ou só com o elemento mais
próximo ou com os dois).
Ex.: (critério atual) :
Estava o filho e a filha estudando (aqui, a concordância teria sido
feita considerando o núcleo mais próximo : o filho)
ou (também possível) :
Estavam o filho e a filha estudando (aqui, a concordância teria
sido feita considerando os dois núcleos).
Bem, a relação de sugestões seria realmen-
te enorme, mas - a nosso ver - , para começar, essas, se aplicadas, poderiam realmente diminuir um pouco essa enorme complexidade que
tanto dificulta a aprendizagem para nosso alunado.
Colegas professores (e leitores que se dis-
puserem a tal), emitam seus comentários ! Estamos aguardando-os.