Outra crítica

FAVOR NÃO ESTACIONAR NOS DEGRAUS.

Qualquer um que ande de ônibus certamente deve ter lido essa frase na porta de saída dos coletivos: Favor não estacionar nos degraus. Por mais incrível que pareça tenho que admitir a minha falta de educação no que diz respeito a esse pedido tão educado, pois quando estou no coletivo não consigo viajar sem ser nos degraus. Juro que tento ir de modo normal, afinal a frase é tão educada: Favor não estacionar nos degraus; mas não obedeço ao pedido.

E é um pedido fácil de realizar, os coletivos de Belém do Pará; que é onde moro; são limpos e organizados, veja bem limpos! Parece que os empresários renovam a frota toda semana, dá pra sentar no chão sem sujar a roupa. O cuidado com os veículos e seu estado de conservação é de surpreender, hoje em nossa cidade há ônibus com 10 anos de uso que parecem ter acabado de sair da fábrica; você se sente muito confortável ao sentar nas cadeiras estofadas, lisinhas sem furos e completamente fixa no chão. E os apoiadores onde as pessoas devem se segurar quando estão em pé; uma verdadeira rocha de tão fixos que estão. Claro, não ouso dizer que todos nossos veículos estão em perfeito estado, mas isso é por causa dos vândalos que ficam riscando as cadeiras e escrevendo aquelas idiotices sobre torcidas e times de futebol, ou então sobre namoros e escolas; o que para mim demonstra uma total falta de noção sobre como passar o tempo ou usar essa habilidade para melhores fins; tenho certeza que esses “artistas” podem dar melhor uso para sua criatividade. Mas como estava dizendo, apesar do bom estado de nossos ônibus eu insisto em fazer minha viagem de pé.

Não é por excesso de passageiros, pensando nisso acabou me vindo à mente um fato interessante; não recordo se alguma vez um ônibus foi multado por excesso de passageiros em Belém e acabei de lembrar que não lembro se existe alguma lei que determine a capacidade máxima de pessoas num coletivo, mas pra que vou querer saber disso? Afinal de contas não existe isso na minha cidade, pelo menos não nos coletivos urbanos, agora os donos do chamado transporte alternativo tem esse problema. E afinal de contas o que é um transporte alternativo? Sempre pensei que fosse patins ou skate. E também não entendo por que alguém que tem ao seu dispor um excelente sistema de transporte como o nosso prefere andar de van ou seja lá como for o nome desses veículos e ainda agüenta passar pela humilhante situação de serem paradas por nossos eficientes guardas de trânsito (abro esse parêntese para elogiar esses bravos homens que estão sempre prontos a auxiliar os motoristas, é muito bom saber que você pode trafegar por uma rua e ser ajudado quando está perdido; sem falar que eles sempre estão presentes nos principais semáforos da cidade para ajudar os pedestres a atravessar a rua com segurança e sem atrapalhar o trânsito; sem falar que nunca deixam alguém atravessar uma rua fora da faixa ou pela passarela o que sem dúvida tem contribuído para nosso baixo número de atropelamentos) por que o veículo onde estão está superlotado, coisa que não ocorre em nosso transporte público. Mas, onde eu estava mesmo? A sim, não preciso viajar em pé, mesmo porque nas raras vezes que entrei num ônibus onde os assentos estavam ocupados havia espaço de sobra para que eu ficasse confortável em qualquer local que não fosse a porta traseira. No entanto, insisto em ficar lá atrás correndo o risco de cair do veículo numa repentina freada do ônibus, pois o motorista até tenta me impedir de ficar lá, mas ele tem que prestar atenção ao trânsito, o que todos fazem com excelência e muita educação, por conta desse profissionalismo de nossos motoristas acabo sendo esquecido ou fico mesmo escondido nos degraus.

Por falar em educação devo salientar que minha atitude não é motivada por alguma rispidez dos funcionários do transporte coletivo, todos são muito educados; o motorista nos recebe com um bom dia no momento que colocamos o pé na porta, quando passamos pela roleta o cobrador nos saúda e ainda pergunta como estamos. Não, com certeza o atendimento nos coletivos de Belém do Pará é excelente.

Não sei talvez eu esteja insano, estou aberto a parecer de algum psicólogo, psicanalista ou analista (de sistema?) que esteja disposto a dar uma sugestão para esse meu mal. E espero que seja logo, recentemente me peguei com o desejo de fazer meu trajeto de todo dia pendurado na porta da frente com parte do corpo pra fora; o problema é que ainda não sei como fazer isso sem o motorista ver; acho que vou ter que me contentar e realizar essa vontade na porta de trás. Será que consigo?

Petrus Stone
Enviado por Petrus Stone em 24/05/2006
Reeditado em 15/03/2016
Código do texto: T161989
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.