Goiatuba - "Resumo da sua história parte II"

Novos pólos para o desenvolvimento de Goyaz

Das diversas rotas, pode-se afirmar agora o nosso caso. Os ditos pousos que, entre um e outro, independente de quem estivesse indo ou vindo às sombras acolhedoras das árvores, lá estava a margem direita do córrego Bananeiras, cabeceira do Santa Maria, o Pouso das Bananeiras. (onde é hoje a Praça João Leite). Originado das ditas paragens, um acidente geográfico de fácil reconhecimento dos viajantes, mascates, homens de negócios e até mesmo aventureiros em busca da sorte. Esse lugar não pode mais ser esquecido. Assim ficaram marcados os desígnios de uma futura e próspera cidade, emergida da rota de alguns bandeirantes, transformado entre outros, em Estrada Real, surge o Pouso das Bananeiras, nome batizado pelos mais antigos transeuntes e pelos tropeiros. Posteriormente, Arrayal de São Sebastião do Pouso Alegre, São Sebastião das Bananeiras, mais tarde Bananeira e por fim, Goiatuba.

Em virtude da facilidade em adquirir terras pelo seu baixo valor e ótima fertilidade do solo, aos poucos aqui, foram instalando os primeiros moradores. Terra de posse, agregados e donatários de sesmarias que, durante o decorrer do século XVIII, redefini-se para nós, uma nova era para o início do século XIX. Assim foram chegando aos poucos, as primeiras famílias que alavancaram o progresso da região.

Podemos ver que os povoamentos, também conhecidos como patrimônios, estavam ligados muitas das vezes, ao desejo dos fazendeiros de valorizar suas terras, doando parte delas a um santo ou santa, na intenção imediata, após a doação, de iniciarem ali serviços e festas religiosas, construir capelas, surgimento de pequenos comércios, algumas casas e assim paulatinamente, até consolidar a villa, um ponto de referencia para os negócios, que num futuro passaria a município.

Em 1.860 registra-se o aparecimento dos primeiros proprietários e moradores de sesmarias, glebas de terras concedidas pelo Governo da Província de Goiás em nossa região, que era logicamente ligados à origem de Morrinhos, que fora também subordinado a Santa Cruz de Goiás, período em que remonta à primeira metade do século XIX, isto na transição da economia mineradora para a agropecuária. A partir de 1888, o adensamento e a expansão do povoamento nas porções meridionais de Goiás (Sudeste, Sul e Sudoeste) evidenciaram-se através da formação de diversos povoados como: Nazário, Catingueiro Grande (Itauçu), Inhumas, Cerrado (Nerópolis), Ribeirão (Guapó), Santo Antônio das Grimpas (Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões), Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, Goiandira, Ouvidor, Cumari, Nova Aurora, Boa Vista de Marzagão (Marzagão), Cachoeira Alta, São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba), Serrania (Mairipotaba), Água Fria (Caçu), Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás), Santa Rita de Goiás, Bom Jardim (Bom Jardim de Goiás) e Baliza, possibilitando surgimento de novos municípios: Planaltina, Orizona, Bela Vista, Corumbaíba, Santa Rita do Paranayba (Itumbiara), Mineiros, Anicuns, Trindade, Cristalina, Pires do Rio, Caldas Novas e Buriti Alegre.

Villa de São Sebastião das Bananeiras

Contavam os primeiros moradores, que o segundo nome do lugarejo, antes de Pouso das Bananeiras, fora São Sebastião do Pouso Alegre, o que permaneceu por um curto período, não foi bem aceito, pois era uma assimetria entre o conhecido “Pouso das Bananeiras”. Não lembrava aos caminheiros e viajantes o acidente geográfico ou mesmo, a travessia do córrego das Bananeiras, localizado na região do mesmo nome. Retomando, com a doação da gleba de terras, o nome Bananeiras com o prefixo de São Sebastião, pois Manoel Vicente Rosa, que fora seminarista e devoto de São Sebastião; Cândido Luiz de Castilho e Manoel Bernardo da Costa, proprietários de terras à margem direita do córrego Bananeiras, a convite e por sugestão de Vicente Rosa, em 1.892 resolvem doar uma gleba de chão do nativo, no valor total de 59.$.000,000 (cinqüenta e nove mil reis), com a finalidade de erguerem uma capela em homenagem ao Santo Padroeiro. Contam que, nesse mesmo ano, é feita e erguida uma cruz de aroeira, tendo ao seu lado, construído um rancho de palhas e fizeram celebrar ali a primeira missa em louvor a São Sebastião. O evento foi coberto de muito festejo e alegria, inclusive contando com a presença de pessoas vindas de outras regiões. Os moradores da villa, reconhecem a partir desta data, os ditos doadores como fundadores do povoado. O termo de doação foi celebrado de modo a não permitir a venda da área doada, as chamadas datas (lotes). Ficavam concedidos apenas aos requerentes, o direito de uso como um privilégio, o conhecido “aforamento.” Com a construção de uma capela em substituição ao rancho de palha (barraca), surgem simultaneamente nas suas imediações, outras casas residenciais e até mesmo as primeiras comerciais.

A área doada, foi numerada em quadras, recebendo uma ordem seqüencial, como também suas respectivas datas (lotes). Podendo dessa forma, reorganizar o arruamento do aglomerado das casas já existentes, dando um novo aspecto ao povoado que já deixara de ser chamado de “Pouso das Bananeiras,” e sim, São Sebastião das Bananeiras.

Mais tarde que a administração pública municipal adquire, através de permuta com a Igreja Católica, a referida área e disponibiliza sua regularização definitiva aos seus aforados.

Índios, bandeirantes e tropeiros, construíram a história

Índios, bandeirantes e tropeiros, construíram a história da “nossa gente, dessa boa terra.” Em 1.722, quarenta anos mais tarde depois do Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que entre outras, já havia passado por Minas Gerais, estabelecido em Sabará (1701) e depois em Pitangui (1709), foi também um dos idealizadores da Guerra dos Emboabas. Agora de volta à São Paulo em julho de 1.722, a pedido de D. Rodrigo César de Meneses, Capitão Geral da Capitania de São Vicente, ambos estabeleceram ajuste de uma bandeira para localizar e explorar as riquezas dos Goyazes, que fora anunciada entre outros bandeirantes, a do seu próprio pai. Assim o fez e, só retorna a São Paulo em 21-X-1723. Registra-se que dessa primeira investida não obteve sucesso algum, porém meses depois organizou-se uma nova expedição para explorar os ditos veios auríferos. Bartolomeu Bueno e João Leite da Silva Ortiz seu cunhado, recebem de D. Rodrigo César de Menezes a Carta de Sesmaria, em 2 de julho de 1.726. Era comum (lei) o domínio português autorizar, através dos Governadores das Capitanias Hereditárias, aos bandeirantes explorarem as riquezas que encontrassem e em troca de tal privilégio a Coroa Portuguesa cobrava o Quinto.

Munido de tais privilégios, registra a história que o famoso Bartolomeu Bueno da Silva saíra da Vila de Piratininga, com uma tropa de 152 homens armados, acompanhados de dois religiosos bentos e providos de 39 cavalos, seguem a rota de volta para as minas do centro oeste brasileiro. Em meio as matas, atravessando rios e seguindo trilhas antes marcadas pelos índios. Encontrado então, desta vez próximo a serra Dourada, as diversas minas de ouro, funda o primeiro povoado em terras dos Goyazes, com o nome de Núcleo da Barra. Mais tarde, a pouca distância dali, às margens do rio Vermelho, encontra minas mais volumosas. Para lá se foram os moradores da Barra, fundando em 26-VII-1.727 o arraial de Sant’Ana.

A notícia deste descobrimento causou enorme curiosidade e deu origem a uma verdadeira corrida em busca do ouro, partida principalmente de Minas Gerais, através de todas rotas possíveis. Bahia, pelo Espigão Mestre e pelo antigo Arraial de Couros (Formosa), Minas Gerais, pelo Registro dos Arrependidos, passando pelas vizinhanças de Luziânia ou por uma rota alternada, cruzando o rio Paranaíba em Santa Rita do Paranaíba (hoje Itumbiara) e daí subindo para o norte até encontrar a rota principal próximo de Itaberaí.

Já em 1.749, o rendimento por escravo apresentava-se muito baixo não mais que uma oitava por semana. Ano derradeiro em que, a Província de Goyáz pertenceu à capitania de São Paulo. A partir desta data, tornou-se Capitania independente. A população, contudo, continuou composta por negros e mulatos na sua maioria. A partir de 1.778, a produção bruta das minas de Goiás começou a declinar progressivamente em conseqüência da escassez dos metais das minas conhecidas, da ausência de novas descobertas e do decréscimo progressivo do rendimento por escravo. Assim, com o fim do ciclo do ouro, a pecuária e a agricultura passam a ser, obrigatoriamente, as atividades econômicas predominantes na região do centro oeste brasileiro. Essa nova economia e o fluxo de viajantes dinamizaram as áreas ao longo dos caminhos que levavam às minas, intensificando a produção agrícola.

O século XVIII é marcado, durante cerca de 50 anos (décadas de 1730 a 1780), os caminhos que demandavam ao interior brasileiro, que foram os mesmos dos primeiros tempos, orientados para o Centro-Sul através de São Paulo ou de Minas Gerais, como também rumo ao Rio de Janeiro. Fato que colaborou significativamente, quando em 1.739 o arraial de Sant’Ana recebe o nome de Vila Boa, permanecendo na condição de Capitania de Goyáz.

Por nossa região encontrava-se o traçado, uma rota alternativa que cruzando o rio Paranaíba, no Porto do Major Camillo ou Porto do Cahidor, (Santa Rita do Paranayba). Assim os tropeiros deslocavam com suas tropas da região central em direção ao litoral e vice-verso com a finalidade de levarem alimentos e outros tipos de produtos, dando origem ao comércio, principalmente entre os pólos Goiás, Minas e São Paulo, como já mencionado.

As primeiras povoações surgiram concomitantemente com as primeiras tropas. Numa determinada época, Goiás possuía os tropeiros como seu único meio de transporte, porque d’eles eram capazes, vencer as grandes distâncias e se adaptarem bem aos caminhos estreitos. Duas grandes contribuições se destacam: primeiro foi a comunicação através do transporte de mercadorias, cartas, bilhetes, recados, livros, revistas e jornais, desempenhando o papel de correios; segundo, contribuíram para o surgimento das cidades nos locais onde faziam seus pousos como paragens obrigatórias para o descanso e alimentação.

Juares Moraes
Enviado por Juares Moraes em 30/05/2009
Código do texto: T1623578
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.