O Joio e o Trigo têm destinos diferentes

Prólogo:

Está no Evangelho segundo São Mateus 13:24-30:

"Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu:

- Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram:

- Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas trigo, recolhei-o no meu celeiro."

Há muita sapiência nessa parábola! Entendo ser possível conviver com o Joio na representação dos seres malévolos, dos maldizentes, os que se apropriam ou esbulham iguais aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, não apenas dos nossos bens, mas até de nossa crença, boa-fé, alma e espírito, pensamentos e sonhos de se formar uma sociedade equânime e justa.

Uma explicação necessária: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um movimento social brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação da reforma agrária no Brasil. Teve origem na aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam desgostosos com o modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente na década de 1970, o qual priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das terras improdutivas.

Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no Brasil remontarem apenas às ligas camponesas, associações de agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST proclama-se como herdeiro ideológico de todos os movimentos de base social camponesa ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o direito feudal português, fato este que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à terra.

Se você, igual a mim, ama uma pessoa e se entrega a esse alguém de forma incondicional está correndo um sério risco de se envolver com um joio putrefato, malcheiroso, capaz de estragar o seu trigo tão bem cultivado que é a sua boa-fé.

O Reverendo Itamar Bezerra escreveu sobre a parábola que fala sobre o Joio e o Trigo com a propriedade de quem conhece suas diferenças. Eis como o religioso se pronunciou:

“...A haste, as folhas, a cor, e até a direção para onde ambos pendem parecem gêmeas. O leigo dificilmente conseguiria identificar uma da outra, até que chegasse a fase da frutificação. Sim, no amadurecimento da planta, mudanças significativas ocorrem e a diferença entre elas torna-se gritante.

O trigo muda de cor, assumindo um tom amarelado até chegar à palha (cor palha), enquanto o joio permanece no seu verde sumo com rajas mais claras, como sempre foi; o trigo forma-se em pendão, elevando-se altivo, apontando para o céu, enquanto o joio se esparrama desfigurado, perdendo totalmente a forma de sua aparência inicial; a raiz do trigo, embora ele também seja da família das gramíneas, cresce para baixo, mas com pouca profundidade, facilitando a sua colheita; o joio, por sua vez, se alastra sorrateiro, se imiscuindo entre as raízes alheias; por fim, quando vêm os frutos, mais destaque se dá às diferenças:

O trigo explode de dentro para fora em belos cachos de sementes, todas postadas em incrível ordem, formando um belo pendão, tornando agradabilíssimo aos olhos o seu espetáculo, tremulando ao vento ao longo de um vasto campo.

O joio, ao contrário, produz umas bolotas enrugadas que, de imprestáveis que são, caem dos seus ramos antes mesmo de amadurecer. A ciência biológica até hoje não conseguiu definir qual o valor e utilidade dessa planta.

O trigo, sim, é base do mais importante alimento de todos os tempos, em todas as culturas: o pão. Aquele que é o pão da vida, Jesus de Nazaré, disse que enquanto vivermos o tempo da oportunidade da graça, o joio estará no meio do trigo.

E mais, não compete a nós arrancá-lo, pois, isso fazendo, poderemos arrancar junto o trigo. A mistura é inevitável, afinal são da mesma família; as semelhanças acabam confundindo e enganando a muitos, e muitos danos são manifestos.

Muitos trigos são penalizados por causa do joio. Somente quando os frutos se revelam é que tudo se explica; é aí que se sabe quem é quem: “Pelos seus frutos os conhecereis”.

Pessoas ruins, interesseiras, pobres de espírito, maquiavélicas, se misturam aos bons para exercerem sua sanha incontrolável. Há muita gente parecida com pessoas de bem, na aparência e na linguagem, mas são as obras de justiça e santidade quem revelam os verdadeiros e notáveis por suas ações benfazejas.

O que Deus está tentando nos dizer é que, nós só temos dois caminhos, dois destinos: ou seguimos a Deus, ou seguimos o Seu inimigo. Ficar no terreno neutro, já é seguir o inimigo de Deus. Você se compromete ou não. Você segue ou foge. Você aceita ou rejeita. Essa é uma das lições que a parábola do trigo nos ensina.

Seguindo a parábola, nós percebemos que o inimigo semeia uma planta que é muito parecida com o trigo. As duas plantas, trigo e joio, são tão parecidas, que quando os empregados dizem ao patrão: "... queres que vamos e arranquemos o joio? (o patrão diz:) Não! ... deixai-os crescer juntos até a colheita... " (Mateus 13:28-30).

Minha humilde interpretação é a mais óbvia possível:

Deixem o trigo e o joio crescerem, porque se nós começarmos a tirar agora o joio corremos o perigo de, tentando tirar a erva má (separando precocemente o bem e o mal), tirar por aí um trigo bom, deixem que as plantas amadureçam.

Atenção! Não precisa o leitor incipiente ou insipiente (aposto que a grande maioria correrá em busca de um dicionário para saber o porquê desses adjetivos terem sido escritos com "c" e com "s") concordar com este projeto de poeta. Um dia, quando a colheita chegar (aqui entendo como sendo o dia do juízo final), aí sim, o trigo e o joio terão destinos diferentes.