O QUE SÃO CRISES EPILETICAS PSICOMOTORA TEMPORAIS

O QUE SÃO CRISES EPILETICAS PSICOMOTORA TEMPORAIS

O termo epilepsia psicomotora foi introduzido, em 1937, por GIBBS, GIBBS e LENNOX, para definir um quadro eletrecefalográfico mais ou menos característico e associado a um tipo especial de crise epiléptica, durante a qual “o paciente, embora podendo realizar atos aparentemente conscientes, não obedecia a ordens. Pode apresentar movimentos tônicos involuntários. Pode revelar distúrbios psicomotores... e, recobrando a consciência, tem amnésia completa da crise”.

Desde então, o termo “epilepsia psicomotora” se difundiu passando a constituir um novo tipo clínico de epilepsia passível de diagnóstico eletrencefalográfico. Não obstante, esta é uma manifestação focal de determinadas áreas cerebrais cujo quadro clínico está na dependência das características funcionais das áreas comprometidas.

As manifestações clínicas da epilepsia psicomotora temporal engloba fenômenos sensitivos, sensoriais, vegetativos e psíquicos, automatismos elementares e complexos.

A diversidade de tais manifestações é função da diversidade funcional do lobo temporal e de suas múltiplas conexões com outras estruturas cerebrais.

Os automatismos psicomotores são de observação relativamente freqüente, podendo ser manifestações críticas ou pós-críticas. Parecem ser devidos a descargas originadas, principalmente, no uncus, no núcleo amigdalóide e no córtex têmporo-insular, propagando-se, por vezes, imediatamente às estruturas centrecefálicas, com perturbação da consciência e movimentos automáticos e, muito raramente, convulsão. Tais automatismos, seriam consecutivos a uma liberação secundária à “paralisia” do nível superior de integração.

Mais comumente, compreendem movimentos dos lábios, movimentos de mastigação, vocalização, linguagem automativa e automatismos mais complexos. Podem ser precedidos ou coexistir com manifestações clínicas diversas como fenômenos vegetativos, crises confusionais, manifestações cefálicas, parestesias, manifestações tônicas adversivas, manifestações de familiaridade (fenômeno de “dejá vu”), manifestações de estranheza (fenômeno de “jamais vu”), alucinações auditivas, olfativas ou visuais, “dreamy state” etc. Nas diversas crises psicomotoras, as auras mais comumente referidas pelos pacientes são as vegetativas e as sensoriais. Segue-se um lapso de consciência, geralmente de curta duração e durante o qual o paciente executa automatismos elementares como passar a mão repetidamente sobre a cabeça, retirar o lenço do bolso e limpar a boca, marcar um compasso musical sobre uma mesa ou mesmo andar de um lado para o outro como se estivesse procurando alguma coisa. Tudo isso pode se passar sem que os circunstantes se apercebam do que está ocorrendo. Gradualmente, o paciente retorna ao estado normal, restando apenas discreta confusão mental e tendo, quase sempre, amnésia lacunar do ocorrido.

Outras vezes, o automatismo pode ser verbal: o paciente pode fazer uso de palavras sem sentido ou afirmações sem relação com a situação do momento. Por um breve período, ele pode falar como alguém que apresentasse um “delírio tóxico”.

Existem casos que o automatismo liberado envolve comportamento em mais complexo. É o caso de pacientes que, durante as crises, são capazes de realizar longos percursos a pé, atravessando ruas e desviando-se dos obstáculos com total desenvoltura. Quando em seus carros, são capazes de dirigir em condições de tráfego as mais atribuladas, sem produzir abalroamento ou infligir códigos de trânsito. Outros que desempenham as mais diversas atividades profissionais são capazes, durante as crises de longa duração, de levar a contento suas funções habituais com grande desempenho, mesmo que estas demandem tempo relativamente grande e envolvam grau elevado de complexidade.

Existem casos em que o paciente, com manifestação da epilepsia psicomotora, pratica atos anti-sociais de que, vencida a crise, não permanece qualquer recordação.

As sensações de estranheza ou fenômeno do “jamais vu” e de familiaridade (fenômeno do “dejá vu”) são de observação relativamente freqüente em paciente portadores de crises psicomotoras.

Uma forma especial de crise psicomotora que, por se originar no uncus do hipocampo, é denominada de crise uncinada. Habitualmente, a crise principia por uma sensação subjetiva de cheiro desagradável que o indivíduo compara, conforme sua vivência ou sua ocupação a odor de borracha ou de pano ou mesmo de chifre queimado. Inicialmente, estranhando o aparecimento dessas alucinações e, até então, perfeitamente consciente, o paciente indaga dos circunstantes se esse também percebe o cheiro estranho. Diante das respostas negativas, do prosseguimento e da repetição das crises, o indivíduo acaba por aceitar o caráter patológico dessa disfunção sensorial e nada mais pergunta. Excepcionalmente, a característica da alucinação olfatória é agradável, acompanhando então ao odor de flores ou de perfumes. Logo a seguir, o estado de consciência é qualitativamente alterado e o paciente tem a impressão de que os fatores diários que se desenrolam façam parte de uma representação em um palco. Às vezes pensa que não esteja vivendo a realidade mas um sonho (“ dreamy state”). Concomitantemente ou a seguir, o paciente refere a sensação subjetiva em que todas as pessoas e os objetos são vistos em miniatura (micropsia) . A seguir, após tempo variável, o enfermo pode ter uma evolução dos sintomas ou, então, estes podem continuar numa crise convulsiva indiferenciada.

PAULO ROBERTO SILVEIRA
Enviado por PAULO ROBERTO SILVEIRA em 07/06/2009
Reeditado em 07/09/2009
Código do texto: T1636671
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