Pensando a educação (São Paulo). Após de 6 anos de reflexões e estudos...

Pensando a educação (São Paulo)

Para lançar julgamentos, receitas e/ou protocolos às escolas de hoje e aos seus partícipes é necessário inserir-se ao processo e vivenciar o dia-dia desta instituição. Nunca compare a escola atual com a de 15-20 anos atrás. Os jovens não são os mesmos, são oriundos das classes populares, uma parcela significativa destes eram excluídos pela reprovação há 20 anos atrás pelas dificuldades em aprender a ler e compreender textos. Hoje, com a política da aprovação continuada e sem o apoio de projetos específicos que amparem as necessidades especiais, permanecem nas escolas e concluem a 8ª série sem aprender os conteúdos básicos para compreenção de textos e sem desenvolver uma leitura reflexiva do mundo em que estão inseridos. Dados estatísticos mostram que 17% do povo brasileiro possuem dislexia e nas escolas públicas não se oferece atendimento a esta e a outras necessidades especiais, é a inclusão excludente... Muitos dos alunos são filhos do analfabetismo familiar, alguns da violência social, do desamparo, dos faróis, um tanto do tráfico, alguns das empregadas domésticas que servem à elite paulista e 70% destes alunos não possuem a figura paterna representativa. Todos estas crianças e adolescentes convivendo com a inclusão da deficiência física e/ou mental (hidrocefalia, síndrome de Down, surdez, distrofismo muscular, etc) em salas de aulas numerosas (mínimo 35 alunos) ... A escola vive uma crise de adaptabilidade seriíssima e os educadores possuem sim uma boa formação, o que se diz nos meios de comunicação a respeito disto é para culpabilizá-los de toda uma história de descasos políticos que é óbvio têm sido revelados hoje. Mas esta escola tem um propósito! Ela tem servido aos anseios desta política de estado mínimo! Não se iludam, a escola serve ao SISTEMA e tem importância política de controle das massas e é por esta razão que elas estão em tudo quanto é periferia dos municípios... Por outro lado, mas também provocando sérios prejuízos na aprendizagem e aderência aos valores que a escola tenta preservar (valores culturais, históricos e científicos do nosso povo), as mudanças na estrutura da sociedade com o neoliberalismo, a aprovação continuada e as políticas assistencialistas somados ao empobrecimento das famílias, ao aumento do desemprego, ao comportamento hipermoderno das populações como um todo (consumismo-imediatismo-fluidez-hedonismo) tem contribuído para a instalação de um caos sócio-familiar-cultural muito complexo que atingem em cheio a sala de aula e tem desmantelado a educação. Os professores, com rupturas em sua autoridade provocadas pelo uso indevido de teorias psicológicas modernas a favor do poder do Estado (psicologias utilizadas às avessas) e com sua imagem abalada pelos meios de comunicação, vem as duras penas trabalhando no sentido de manter a disciplina para ministrar suas aulas. Sem o apoio de um conselho ético disciplinar o comportamento destrutivo em direção à instituição e a quem a representa dissemina-se, a apatia e o descaso instala-se. Portanto, amigos, para se traçar comentários rápidos e maldosos à complexidade das subjetividades que contracenam hoje no cenário da escola pública é necessário muita cautela. Os dados referentes à qualidade de ensino são verdadeiros mas as causas dos atuais problemas são bem outros do que se tem divulgado...

Tenham cuidado para não estar reproduzindo a fala da elite representada pelo poder do estado que manipula a tudo usando do simulacro e da hipocrisia. Amigos! Repudiem as informações das grandes mídias porque a verdade tem sido mascarada descaradamente para proteção dos vilões e justificar suas ações... Assim foi quanto ao massacre dos indígenas e quanto à escravidão dos negros...

Portanto, sejam prudentes!

abraços

Mª Rita P.