HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL

Dimas Paixão

Analisando a Resenha: “História do ensino de História no Brasil: uma retomada plural”, de Helenice Aparecida Bastos Rocha, referente a obra: “História e ensino de história” de Thais Nívia de Lima e FONSECA, percebe-se que a autora procura desvendar a problemática do ensino de História no Brasil, apresentando o percurso da História como disciplina escolar e como pesquisa até o final do século XX. O livro trata da interdisciplinaridade da pesquisa em História e em Educação, pensado as fontes documentais como forma de absorver a cultura dentro e fora da sala de aula, através de uma ampla indicação de diálogos e referências bibliográficas. A autora aborda a interdisciplinarização dos conhecimentos sob vários ângulos, dentro de uma dimensão histórica; define a disciplina escolar num sentido amplo e atual; mostrando que no decorrer do século XX, os estudos das disciplinas escolares giraram em torno da Sociologia e da História da Educação. Ela também ressalta a importância do aprofundamento didático da disciplina de História a partir de vários autores, com suas respectivas concordância/divergência. A autora alerta aos pesquisadores do ensino de História que até 1970 houve uma tendência de inserir a escola, as políticas educacionais e pedagógicas nos contextos explicativos da metodologia de ensino. esta tradição historiográfica via o Estado como centro do processo histórico. O texto mostra que a trajetória da História ensinada nas escolas não corresponde a um saber histórico, e sim, a uma história providencial e tendenciosa. Ela adverte que o Ensino de História apresenta um recuo temporal, dando pouco valor ao estudo e a pesquisa, apoiado-se apenas em referências teórica-metodológicas contemporâneas, vagas e contraditórias. O Capítulo II, trata do ensino de história no Brasil, abordando traços da educação escolar antes do século XIX. A autora faz uma análise extraordinária das fontes das fontes do período pombalino, apresentando o espaço entre os séculos XVIII e XIX, como uma lacuna da pesquisa de área a ser preenchida.

A partir de 1930 o texto mergulha em diversas fontes, como llivros didáticos, materiais de ensino, legislações etc. Refere-se ao período anterior ao regime militar, como uma “época de ouro”, e que no regime militar, mesmo havendo um Estado autoritário, ele não era o único processo histórico do qual o ensino de história fazia parte. Naquela época, os currículos e as legislações, atendendo aos interesses de tal regime, forjava uma sociedade harmoniosa. Neste sentido, o ensino de história serviu de articulação ideologicamente durante tal época.

A obra apresenta a década de 80 como período de elaboração de propostas curriculares nos Estados e Municípios. Considera o ensino de história adotado em Minas Gerais como sendo um modelo democrático e participativo. Passado este período, a disciplina escolar de História termina sem fato e sem sujeito, de forma abstrata. No último Capítulo, a autora faz uma análise acerca da escravidão, entre os séculos XVI e XIX, tentando identificar como o conhecimento histórico foi adquirido e se manteve vivo na memória coletiva. A riqueza apresenta pela obra, abrangendo aspectos do ensino de História e de sua pesquisa, com uma gama de exemplos e análises de obras e temas regionais de época, publicações sobre temas do ensino no pólo Rio-São Paulo e em outras regiões, proporciona, assim, a reescrita da história do ensino de História, sob uma perspectiva plural e complexa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Resenha - História do ensino de História no

Brasil: uma retomada plural”. Helenice Aparecida Bastos Rocha

Thais Nivia de Lima e Fonseca, “História & Ensino de História”, Belo Horizonte, Autêntica, 2003, 120 p.

Disponível em:

http://www.historia.uff.br/tempo/resenhas/v11n21a11.pdf. Acesso em 22 de setembro de 2008.