JESUS É UM MITO?

Outrora escrevi um texto intitulado “Jesus é um mito”, um dos meus textos mais lidos, comentados e discutidos dentro e fora do Recanto desde que me cadastrei, com outra conta, há uns quatro anos atrás. Agora escrevo este para me retificar. Volto atrás na minha afirmação de que Jesus não existiu, embora ainda não esteja certo que sim. Por isso, desta vez, faço uma pergunta: Jesus é um mito? Não foi pelas ameaças dos colegas fundamentalistas, que me prometiam o inferno caso eu não me arrependesse dos meus estudos. Nenhum crente foi capaz de me provar com documentos e argumentos racionais que Jesus realmente tivesse existido. E o que me fez reconsiderar não foram ameaças nem medo de arder no inferno, pois, se esse existisse e alguém fosse condenado a ele simplesmente por estar procurando a verdade, eu iria de todo bom gosto. Afinal, é como disse Bertrand Russell: “Ninguém senão um covarde escolheria conscientemente viver no paraíso dos tolos”.

Ainda não posso dizer se Jesus de fato existiu ou não, mas admito que a primeira afirmação possa estar correta. Mas também não estou aqui dizendo acreditar que ele era o messias, porque sei que não era. O messias já teria vindo 300 anos antes de Jesus e deveria ser o rei Josias (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=40322&cat=Artigos&vinda=S). Acontece que o rei não conseguiu livrar os judeus da opressão, então adiaram a vinda do “ungido”. Também não acredito que ele tivesse feito alguma das maravilhas descritas pelos apóstolos. Se ele o tivesse feito, haveriam outros registros destes milagres. Aliás, nem foram os apóstolos quem escreveram os Evangelhos, nem testemunhas oculares. Não há nenhum registro histórico confiável para remontar a vida de Jesus. O que me faz crer que Jesus não era um mito é a ausência de provas. Ao estudar os outros mitos ao qual Jesus foi comparado, não consegui encontrar tantas analogias. A hipótese de que Jesus de Nazaré não passava de um mito solar cheira a teoria da conspiração.

No entanto, não quero negar que existam tais analogias, porém acho que elas foram “coladas” à figura de uma pessoa real, a fim de dar-lhe uma história mais gloriosa. Se Jesus tivesse sido tão importante como dizem, haveriam mais registros de historiadores sobre ele, o que não há. Mesmo estudiosos que defendem a Bíblia, mas que guardam sua seriedade, como Werner Keller, ressaltam a pouca confiabilidade dos registros históricos que supostamente falam de Jesus. Em “E A Bíblia Tinha Razão” Keller afirma :

“Contudo, cumpre mencionar que são bastante problemáticos os escassos depoimentos extrabíblicos a respeito de Jesus. Embora haja nexo fonético entre as vogais gregas "e" (longo) e "i" (o chamado "etacismo"), e "Chrestos" (significando, mais ou menos, "o hábil", "o prestimoso", "o bom") possa perfeitamente ser confundido com "Cristo" ("o ungido", tradução grega da palavra hebraica "messias"), em absoluto não se tem certeza de que os tumultos e agitações messiânicas em Roma, mencionados por Suetônio em sua biografia do Imperador Cláudio, de fato estavam relacionados com Jesus. Todavia, deve ser considerado como uma falsificação o trecho anteriormente citado de Josefo, pois com seus matizes positivistas, concordantes, não combina a atitude básica, antimessiânica, assumida por Josefo; tampouco se coaduna com o teor dos textos em cujo meio se encontra e que falam de nacionalistas judeus, rebeldes, indivíduos condenáveis aos olhos de Josefo. Da mesma forma, a sua composição interna não é típica do modo de compor do próprio Josefo, mas antes se inseriria no esquema da anunciação do evangelista Lucas. Por sua vez, o comentário de Tácito é pouco expressivo; contudo, confirma a existência de cristãos, que derivaram o seu nome do próprio Cristo — do Cristo executado durante o reinado do Imperador Tibério (14-37 d.C), sob o procurador Pôncio Pilatos. Mas fica aberta a questão se o próprio Tácito considerou esse evento como autêntico. O único fato concreto, a ser deduzido com segurança, é o da existência de uma comunidade cristã, em Roma, com tradições que concordam em certos pontos com as descritas no Novo Testamento, nos tempos do Imperador Nero (54-68 d.C), cuja perseguição aos cristãos motivou Tácito a escrever o comentário em questão.”

Estou prosseguindo com meus estudos, mas, embora admitindo que Jesus possa de fato ter existido, alguém pode me responder por que não há nenhum registro histórico sobre ele? Terá ele sido mesmo tão importante naquela época como é agora? Será que sua fama se deve mais ao Império Romano e Constantino Magno que à suas proezas e ensinamentos? Eu desconfio que sim...

Igor Roosevelt
Enviado por Igor Roosevelt em 27/06/2009
Reeditado em 18/08/2010
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