De que reclama a mulher?


Ah, tempos bicudos estes!Tantos desencontros entre homens e mulheres, tanta insatisfação, queixas de solidão, frieza nas relações, greve de sexo por falta de opção...Cenário desolador, não?

A galera mais jovem já anda reclamando.Ficar, para muitos, é apenas estratégia para não enfrentar o vazio, pois há muito que esse subterfúgio não atende as necessidades de afeto da gurizada.E o que dizer do público adulto?A coisa parece contagiosa.O descontentamento é crescente.

Afinal, o que vem abalando os alicerces dos relacionamentos? Em que momento as linguagens amorosas se tornaram uma babel? Os homens até fazem de conta que está tudo bem, mas as mulheres não querem mais "tapar o sol com a peneira".Há algo de muito podre no reino das parcerias afetivas.

Penso que os homens levaram demasiadamente a sério a pseudoindependência feminina.No início deram o grito, fizeram alarde,mas depois...pasmem! Tomaram gosto.E deixaram de lado os galanteios, a conquista, esqueceram o bom-mocismo e se travestiram de trogloditas (com exceções, graças a Deus!). Flores para a amada? Pra quê? Um jantarzinho romântico preparado por ele? Ah, não vai dar.Aquele cineminha no final da tarde? Quem sabe um dia...E os elogios esperados sobre a cor dos cabelos, o novo penteado, o vestido sensual, a nova lingerie...E, principalmente, a explicitação do carinho, com o olhar, com as palavras e com as atitudes.Cadê tudo isso? Por que a ausência da delicadeza, tão essencial à vida amorosa, tão detonadora da libido, tão responsável pelo brilho do olhar, pela plenitude do gozo?

Acredito que essas indagações pertencem a homens e mulheres, mas, ouso afirmar, que são mais comuns ao mundo feminino. As mulheres andam mais tristinhas,irritadiças, insatisfeitas mesmo.Talvez pela síndrome do abandono que vem acometendo todas nós  ( me incluo nessa) e que nos dá uma saudade danada do modelo de homem de fato companheiro, protetor, amigo e bom amante, que não trapaceia nas questões do coração e que queira construir um novo modelo de felicidade a dois, calcado no conhecimento mútuo, no respeito e na alegria do estar um com o outro sem máscaras.

Ah, mas é bom que façamos também nosso "mea culpa" e nos afastemos dos protótipos enlatados que ajudamos a consumir enquanto nos emancipávamos historicamente.A nossa emoção por certo agradecerá.
amarilia
Enviado por amarilia em 27/06/2009
Reeditado em 04/03/2018
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