Pelo direito e respeito às diferenças:II CONAPIR

A falta de informação produz a ignorância, que gera o preconceito, que fomenta a intolerância e as fobias, que estimula a discriminação, que alimenta o ódio, força motriz das guerras cotidianas e universais da raça humana.

A falta de informação afirma que não há racismo, que não há intolerância religiosa, que não há homo ou lesbo fobia, que as comunidades tradicionais (povos indígenas, quilombolas, ciganos...) não precisam de reconhecimento, nem de terras tituladas.

A falta de informação argumenta que política de ação afirmativa é “racismo às avessas”, que este país não precisa reparar nada, que lutar por garantia de EQUIDADE é conversa de intelectual que entabula um discurso no outro, que reflexão e debate sobre promoção da igualdade é falta de assunto e do que fazer.

A falta de informação faz com que muitos que vivenciam papéis de educadores em espaços diversos - pais, lideres comunitários, políticos, lideres religiosos, conselheiros, professores e tantos outros – emitam opiniões infundadas e preconceituosas, com relação às questões da diversidade de orientação sexual, religiosa e étnicorracial.

Por ser mulher, educadora, mãe e cidadã, mesmo que não compreenda todas as temáticas abordadas ou todas as teses defendidas em eventos como a II CONAPIR* devo ter a responsabilidade de prestar a informação correta sobre, de ter conhecimento das leis e de defender, por principio e convicção, o direito de cada um e cada uma de ser quem é.

Que raça é humana, isso nem se discute, porém é fundamental que respeitemos todos os povos, todas as formas e expressões da cultura de cada um deles em qualquer espaço em que habitem e se relacionem. É imprescindível que esta “pátria mãe gentil” trate não apenas da criação de leis, mas, da efetivação das mesmas com o tanto de rigor com que cobra impostos, pois, na hora de pagar estes e todas as taxas, ninguém quer saber se é negro, branco, cigano, qual o credo que professa, se tem deficiência e nem com quem dorme ou faz sexo.

Já que é assim, que o usufruto dos direitos seja na mesma proporção dos deveres.

II CONAPIR* Conferência Nacional de Igualdade Racial, que participei como delegada representante do governo municipal de Maceió, de 25 a 28 de junho, aqui em Brasília. Durante estes dias cerca de 1.500 pessoas, convidados internacionais e nacionais, além de representação de todo Brasil do poder público e dos movimentos sociais, debateram e refletiram nos painéis e grupos de trabalho temas sobre titulação de terras quilombolas, políticas de ações afirmativas, respeito às religiões de matriz africana, programas de saúde, cultura e educação específicos para as populações historicamente discriminadas, combate ao racismo institucional, entre outros. A Conferência foi organizada em seis eixos centrais: Terra; Educação; Trabalho e Renda; Segurança e Justiça; Saúde e Políticas Internacionais.

Brasília, 29 de junho de 2009.