Senado: o culpado é o Murici!

Calma, gente! Não vamos crucificar mais ainda o “pobre” do ex-técnico sampaulino. Podemos até creditar a ele uma boa parcela da culpa pela má fase tricolina, mas daí a responsabilizá-lo pela crise porque passa o nosso Senado (ainda se escreve com a inicial maiúscula?)...

Murici é uma fruta típica do Maranhão, pouco ou nada conhecida fora dos limites da região Norte do Brasil. Uma fruta da qual não se aproveita sua delícia impunemente, como agora se vê. Uma fruta cujos efeitos sobre o cérebro humano, recém-descobertos, estão a exigir acurados estudos por parte dos pesquisadores voltados às neuropatias.

José Sarney, presidente do Senado (ainda se escreve sem antecipadas desculpas?), quando está no Maranhão - seu* Estado - avarandando em sua casa, distraindo-se a contar marimbondos, tem por hábito servir-se de muricis, sem a preocupação de não babar-se todo, já que posto à vontade, livre de qualquer protocolo, investidura ou mesmo do assédio de uma imprensa perseguidora, cruel e desrespeitosa.

*(o pronome possessivo “seu” é aqui empregado no mais lato de seus sentidos, qual seja o da posse, total e absoluta)

É nessas ocasiões que, respeitado o tempo para seus arrotos e ventosidades, acercam-no filhos e esposa. Compõe-se, assim, a família Sarney (ou seria famiglia, como na Sicília?). E todos comem murici! (aqui também não se trata do ex-técnico do São Paulo, obviamente)

Pois bem: foi do conhecimento dessas ternurentes reuniões familiares, que se concluiu pela possibilidade de ser o murici o elemento responsável pelo desenvolvimento de uma falha cognitiva comum a todos os Sarneys, o esquecimento, já que estudiosos do sagüi imperador, (veja em http://www.geocities.com/bacdesign/mam_saguis.htm), um símio de vastos bigodes, grande apetite e incrível descaramento (roubam alimentos uns dos outros), perceberam que, após comerem muricis, os imperadores tinham visíveis lapsos de memória, esquecendo-se, por vezes, até mesmo da localização de suas colônias (“sou do Maranhão ou do Amapá?”).

Não que se queira comparar os Sarneys aos sagüis imperadores, até porque à dona Marly e à Roseana faltam-lhes os bigodes, mas... O certo é que os estudiosos viram aí muitas semelhanças entre ambos. (vai-se entender a cabeça de um estudioso?!)

Enquanto restrita aos sagüis imperadores, essa disfunção neurocerebral temporária (Síndrome de Korsakoff ), nunca repercutiu além dos laboratórios de pesquisas científicas. Mas bastou manifestar-se nos ínclitos Sarneys...

“Sarney tem história no Brasil, suficiente para não ser tratado como uma pessoa comum!”. Assim reagiu o presidente Ignácio, de vulgo Lula, ante a enxurrada de denúncias que começaram a pipocar na imprensa brasileira, caluniosa, perseguidora e tão marrom quanto Alcione, por sinal também oriunda do Maranhão, terra dos Sarney, do murici e dos sagüis imperadores.

E nem precisaria esse outro ínclito político sair em sua defesa, pois, chafurdando Sarney em seu baú de rascunhos, de lá surgiriam novos discursos de autodefesa.

Trocando apenas o objeto, mas mantida a mesma retórica, com um caminhar claudicante, uma voz tremulante e no olhar um brilho bruxuleante, José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, que em sua outra identidade usa o nome de José Sarney de Araujo Costa, ínclito (e bota ínclito nisso!) presidente da principal Casa de Leis da República, comoveu o País, se não todo, pelo menos às centenas de parentes, apadrinhados, apaniguados, asseclas, teudos, manteudos, todos, enfim, que sob suas asas protetoras sobrevivem do provento de seus cargos no Senado, cargos esses conquistados com comPTência, comPMDBência, comUDNência, comPDSência, comPFLência e mais outras dezoito composições morfológicas originadas das siglas dos partidos aos quais o ínclito (e bota ínclito nisso) ex-presidente da República serviu, de forma direta ou indireta.

Pode, então, o Brasil, ouvir discursos e justificativas de tamanho brilho que merecem ser comentados, lidos, pensados, guardados, introduzidos nos anais competentes. Pérolas da literatura contemporânea brasileira. Coisa para se ler fardado e para se ouvir semi-acordado. Coisa de Academia Brasileira de Letras.

Ficam, portanto, para o próximo artigo.

Luiz Carlos Gusman