Os socorristas pedem socorro

Quando jovem eu ouvia falar que a polícia somente chegava atrasada nas ocorrências. De fato algumas vezes acontecia isto. E a explicação era muito simples. Chegando após o evento, o policial ficaria excluído de qualquer viés daquele ocorrido. Quem tivesse cometido o delito já tinha fugido e a vítima já havia sido socorrida ou perecida. Desta forma a força armada não sofreria nenhum tipo de retaliação. Pois agindo dentro da lei (chegando a tempo) poderia prejudicar uma das partes e no final “sobrar” para os milicianos.

Neste final de outubro próximo passado o Brasil foi sacudido por um caso policial que ficou conhecido pelo codinome Caso de Santo André. Nele houve um crime passional onde um jovem eliminou sua ex-namorada e baleou a amiga dela. Inclusive o grupo de elite da PM de São Paulo foi, por alguns insanos, acusada de ser o causador do desfecho.

Outro caso típico e interessante é o da Operação Satiagraha. Os policiais que participaram desta ação se tornaram vítimas de seus meios de trabalho. Os investigadores se transformaram em réus das averiguações que conduziam.

Pois bem. O que mais me despertou neste evento foi a volta, por mais incrível que pareça, da censura. Não a censura de poder falar ou mostrar. Não aquela dos anos 60 e 70. E sim a de não poder fazer ou temer fazer. Nos grandes dicionários as palavras admoestação, recriminação, repreensão, admoestação, e advertência são sinônimas de censura. Foi o que vimos na ação da PM paulista, na Operação Satiagraha, e em muitos outros momentos da vida real.

Os compêndios acadêmicos ensinam a resolver eventos previamente estudados com um determinado desvio padrão. Qualquer ação dentro dos padrões técnicos no qual aquele grupo de elite de qualquer das profissões foi capacitado, certamente o resultado será previsível. O que não ocorre na grande maioria dos episódios de emergência envolvendo policiais, profissionais da área da saúde, e de outras atividades. Os eventos quase sempre extrapolam esta margem arrazoada. Cada caso é um caso, com dinâmica e resultado distintos dos ensinados nos tratados acadêmicos. Cada fato fora dos padrões científicos é único. Não existe nem vai existe nenhuma igual a outro.

O que está ocorrendo hoje, como antigamente, é que se vai chegar a um determinado momento em que será mais fácil omitir-se a um evento resolvível, a ter que agir. E com o apoio da Imprensa sensacionalista e macabra, e algumas agências dos falsos direitos humanos, a sociedade ficará a mercê dos criminosos devido a este tipo de ingerência maldita e descabida. A continuar neste ritmo o cidadão de bem precisará tratar o bandido cruel a pão de ló ou tornar-se-á um detento em seu lugar. Faz-se necessário rever conceitos já.

Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com