Maria Quitéria - pormenor do óleo de Failutti.NOSSOS VALORES QUE SE FORAM...
Estou pensando seriamente em alienar-me.
Algumas pessoas procuram o nirvana,outras se apegam ás crenças religiosas,aquelas se atiram aos prazeres tudo para fugir de uma realidade que lhes incomoda.
Estou pensando em aderir á ignorância.Fugir da realidade ,que é circunscrita e viver de ilusão,que é infinita.Mas,não será a realidade no fundo,no fundo,só uma ilusão vivida?
Sexta-feira não é um dia para se amanhecer nihilista;afinal,a vida é mesmo uma marcha de vencidos rumo á derrota final?Então,prá que dar murro em faca de ponta!?
A gente sai ferido,machucado,vencido e aquela sensação de “dejá vu” nunca desaparece de todo.
Eu me pergunto:o que poderia fazer pelo meu país?Começar uma cruzada para educar o povo,esclarecê-lo,livrá-lo das tentações de vender seus votos -sua única arma- mas,como fazer isto?Passei da idade das utopias e digo como Lampedusa:”é melhor mudar alguma coisa para que tudo continue como está”.
Na Internet existem brasileiros mobilizados contra a corrupção e os maus políticos;escrevem,revoltam-se,xingam.Só.Não vejo ninguém se dispondo a ir até Brasília,ocupar o Congresso,expulsar de lá os vendilhões do templo,dar-lhes uma boa surra,exigir a renuncia de  todos,demitir funcionários não concursados,acabar com essa indecência que é a suplência,amedrontar essa gente que se “acoelha” com muito pouco;ninguém quer apanhar e amassar seus ternos Armani.
Porém,vejo também multidões se dirigindo a estádios de futebol para torcer pelo seu time,tanta energia daria para iluminar uma cidade como Natal.Panen et circus.
Mas,lutar para que?Contra quem?
Natal,como Maceió,como Salvador,fica no Nordeste,seculares currais eleitorais;depois da morte de ACM ,Salvador está ,aos poucos,se livrando de caciques,fauna que só sobrevive nas pequenas cidades de interior.
Já no Rio Grande do Norte,se o sujeito não for Alves,ou Maia não tem chances na política.Em Alagoas,Sergipe,Piauí não é diferente.Num país continente como esse ,só três famílias controlam toda a Imprensa;e,os pequenos jornais,as revistas  independentes sobrevivem a duras penas.Quando sobrevivem.Comparem o número de anúncios publicitários que a Veja,(uma revista de direita que eu costumo chamar de diário oficial da Fiesp e do tucanato) tem com a revista alternativa “Caros Amigos”,por exemplo.O nosso Sarney,hoje no olho do furacão,em nome da sustentabilidade política,seja lá o que isso signifique,nos anos 70 fez inúmeras doações de concessões de radio e TV a políticos regionais.Lógico que o povo simples não pode conhecer todos os candidatos.Apenas os carimbados pelos sátrapas locais.
Entendo agora porque Churchill dizia “que a democracia é o melhor regime que o dinheiro pode comprar.”
Sinto ânsias de vômito quando ligo a TV ou leio jornais.
Minha cabeça volta a martelar:o que posso fazer pelo meu país?Nada!Uma andorinha só não faz verão.
Incomodada com o “toma lá dá cá”,o “dando que se recebe”,prática usual dos políticos franciscanos,recordo com tamanha saudade da Maria Quitéria,uma baiana humilde que fugiu de casa para defender o seu país.Ao ser condecorada pelo Imperador D.Pedro I,este lhe disse:Minha filha,peça o que quiser.
E Maria:
-Meu Imperador,faça uma carta para meu pai pedindo que me perdoe por ter fugido de casa para lutar.
Maria viveu em Salvador até morrer com o soldo de Alferes que o Império dava aos seus soldados.

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 03/07/2009
Código do texto: T1680106
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