Posso desabafar?

Desculpem a minha falta de originalidade, mas não sei falar de outro assunto que não implique questões comportamentais, mais precisamente de ordem afetiva.É claro que somos muito mais do que a soma de nossos afetos e também somos muito menos daquilo que imaginam os cultuadores de mitos galáticos.No viés da humanidade que nos constrói, a gente vai tentando se explicar diante de tantos inventos científicos e tecnológicos que, aos poucos, vai nos deixando com cara de chip ou de qualquer outro componente eletrônico ou cósmico.Afinal, o que buscamos de verdade em nossa faina diária? O que nos tira o sono,o que nos inquieta, entristece, nos entorpece? E o que nos alegra verdadeiramente, alguém se atreve a dizer?São muitas as indagações e são várias e multifacetadas as emoções que compõem o universo de homens e mulheres desse mundinho de meu Deus.Vivemos a época da superexposição, dos efeitos especiais, onde a morte vira megashow e a intimidade da dor é violentada constantemente ,virando filme de terror.O privado e o público perderam a linha tênue que os separava, o limite já não existe.Assim, falar ao celular pode ser na rua, no ônibus, no elevador, no trabalho, diante de todos, sem resguardo nos assuntos, sem nenhuma preocupação com o que está sendo exposto.O que antes era restrito a quatro paredes, agora é lançado ao vento, sem nenhum pudor.E aí a gente vai perdendo o foco, vai se acostumando aos novos paradigmas sociais e, de repente, surge a crise de identidade.Espelho, espelho meu, cadê a pessoinha querida que existia aqui? Cadê o melhor de mim?Quem é esse espectro que vejo refletido?
Tudo isso é muito complicado.Nunca temos as respostas para tantas perguntas que nos afligem.Mas, em algumas coisas ainda acredito e muito.Uma delas é a força, o poder que as relações afetivas verdadeiras, aquelas que são construídas ao longo da vida, onde investimos a nossa mais saudável e benfazeja energia: nossos amigos, amores que podem ser nossos colegas de trabalho,maridos, esposas, filhos, irmãos, professores, companheiros, enfim todos aqueles que sempre estão prontos para um beijo, um abraço, uma palavra amiga, um choro, uma gargalhada, um puxão de orelha ,uma presença verdadeira e não caricata.