TEMPLO: SECRETO OU SAGRADO?

Cesóstre Guimarães de Oliveira

Loja Maçônica Humanidade e Concórdia, nº 2851

GOB no Maranhão

Desde o início da Gênese humana, podendo esta ser explicada pelas teorias criacionistas, evolucionistas ou outras que você venha a aceitar, temos construído lugares de adoração aos deuses, são locais onde se cumpre rituais de adoração segundo a fé de cada um. Com nós mórmons não poderia ser diferente, temos construído verdadeiros locais sagrados onde cultuamos ao Deus Criador do Universo. De prumo na mão farei uma análise superficial sobre nossas crenças, que se comparadas ás tradições católicas, protestantes, e outros seguimentos religiosos divergem naquilo que apontamos como certo, e como que se desejassem contradizer minhas palavras, se alistam em semelhanças incontáveis. Os questionamentos mais freqüentes que nos fazem têm relação com os rituais praticados em nossos Templos, nos é comum ouvir alguém perguntar se existe alguma similaridade entre o que fazemos hoje e o que era feito no antigo Templo de Salomão. Antes da resposta, preciso esclarecer que esta pergunta é comum tanto aos mórmons quanto aos maçons, e que devido á natureza sagrada dos convênios realizados nos templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e aos juramentos que fiz quando iniciado na Maçonaria não me aprofundarei ao ponto de detalhar as cerimônias lá realizadas, estarei apresentando minha opinião sobre este tema, sem violar o sagrado, sem tencionar profanar o que é puro. Mais uma vez escrevo tencionando desbastar a pedra bruta da ignorância, este meu novo texto não será uma escrita diferente dos anteriores quando abordei a relação mórmons maçons, é uma tentativa de responder algumas das perguntas feitas com mais freqüência a nós mórmons maçons.

Neste primeiro momento estarei a falar dos convênios feitos (hoje) nos templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, desejo que entendam que esses convênios já faziam parte das primeiras cerimônias que no principio foram reveladas a Adão. Recomendo a você que ao pesquisara história das ordenanças realizadas nos templos dos mórmons, deve entender que estas cerimônias seguem o mesmo padrão daquilo que foi entregue aos cuidados de Adão na primeira dispensação, e a Joseph Smith nesta última dispensação em que vivemos, ressaltando ainda a importância daqueles que têm se sucedidos à frente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Desde Adão nada foi adicionado ou retirado sem que a vontade expressa de Deus tenha se manifestado, mesmo quando Deus ordenou estas sutis alterações à essência permaneceu intocável. Dentre os primeiros líderes mórmons a terem contato com as ordenanças do templo pós Profeta Joseph Smith, destaco o Presidente Brigham Young, “o Moisés americano”, ele recebeu suas primeiras instruções em um lugar improvisado, na parte superior da loja comercial de Joseph. Foi ali que Brigham Young pode compreender que realmente algo grandioso estava acontecendo, e que ele fazia parte de tudo isto.

Ao longo dos anos, mais e mais pessoas tem ido ao templo para realizar convênios somente realizáveis nestes locais. Por questões que considero secundárias, algumas, poucas alterações tem sido feitas na forma como são transmitidas e ratificadas as ordenanças do Templo, estas alterações em nada me incomodam, mas parecem ser o prato preferido dos anti-mórmons que a qualquer custo tentam anular o sagrado transformando-o em profano. Como desconheço alguma explicação oficial por parte da Igreja, falarei a partir de minha ótica, deixo claro que não falo em nome de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o que digo não ouvi de meus líderes, são impressões minhas, concluídas a partir daquilo que tenho pesquisado, havendo divergência entre minha fala e a de meus líderes, entenda minhas afirmações como equivocadas, desconsidere-as.

Fez-se necessário que algumas partes dos rituais do Templo tivessem que ser removidas ou editadas porque existiam alguns equívocos na sua compreensão por parte de alguns membros da Igreja. Nem todos entendiam as conseqüências simbólicas contidas em algumas expressões ou sinais. Inclusive alguns tomavam por literal aquilo que se referia ao espiritual, em função disto, os anti-mórmons usavam (e ainda usam) esta falta de compreensão para atacar a fé dos mais fracos. Se você fizer uma rápida pesquisa pela internet notará a riqueza de literatura onde estão expressas as opiniões daqueles que não conformados com o surpreendente crescimento de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nos tratam como se fossemos seus concorrentes comerciais, não entendem que não visamos nenhum lucro material, inclusive, devotamos a Deus todos os créditos das conquistas, estes que nada sabem sobre nós destacam em suas longas falas, afirmações difamatórias dizendo que as cerimônias do templo, anterior ao ano de 1990, continham juramentos que se violados teriam a “morte como penalidade", eles dizem ainda “os mórmons o matarão se abrir a boca”. Isso é obviamente uma acusação totalmente falsa, eles não compreendem que os rituais do Templo são espirituais, como também são suas conseqüências. Ao falar de morte estamos a nos referir a uma morte muito mais dolorosa, aquela morte que afasta o homem definitivamente de Deus, a morte espiritual.

Surpreende-me a postura de alguns cristãos que se alinham de forma a gerar invejas nos antigos inquisidores medievais, eles ignoram fatos históricos unicamente para agredir a nós mórmons, nos acusam de havermos feito copias de certas seitas pagãs na elaboração de nossa teologia. A acusação mais comum feita por este “Santo Ofício” moderno, é a que diz: “Joseph Smith roubou da Maçonaria os rituais praticados nos templos”. Por várias vezes já tenho escrito sobre isto, não houve cópia, o profeta não plagiou a Maçonaria. A explicação que apresento para algumas semelhanças entre as partes é que ambos beberam na mesma fonte, os dois estavam juntos no Templo de Salomão.

Se estes acusadores dedicassem mais tempo ao estudo da história do cristianismo entenderiam realmente como Satanás tem tentado copiar tudo aquilo que é sagrado, e foi estabelecido pelo Senhor Jesus Cristo para sua verdadeira Igreja. É um projeto de Satanás desacreditar o Plano de Salvação elaborado por Deus, e aprovado por nós quando ainda na pré-existência. Os desatentos não notam as guerras e as calamidades, não notam que a antiga serpente, a estrela da manhã que declinou tem tentado fazer a humanidade crê que ele não existe, pois obtendo sucesso nisto, fica fácil aniquilar a existência de Deus, daí surge à pergunta: como Lúcifer faz isto? É simples, para você destruir uma verdade, tão somente a mescle com mentiras, é assim que ele procede.

Devemos ter em mente que o principal alvo dos ataques de Satanás não somos nós, mas sim, o Senhor Jesus Cristo, já que destruindo a credibilidade do salvador ele destrói o Plano de Salvação que aprovamos na pré-existência, então nada mais obvio que para desacreditar Jesus Cristo, Satanás crie salvadores antes mesmo do Filho de Deus trilhar a terra. Farei agora uma rápida descrição de como isto tem acontecido, para que você possa perceber como o maior inimigo do Plano de Salvação trabalha.

a) Mitra, um lendário homem adorado como deus, nasceu 1200 a.C de uma virgem; foi batizado por imersão; seguido por 12 apóstolos; operou milagres; morreu crucificado; ressuscitou ao terceiro dia; seus seguidores o chamavam de “A Verdade”, “A Luz”; e acreditavam que ele havia “vindo ao mundo” para lavar os pecados da humanidade.

b) Attis um deus (da Frígia) contemporâneo de Mitra; nascido de uma virgem; crucificado, morreu e foi enterrado, ressuscitando no 3º dia.

c) Krishna um deus (da Índia) nasceu 900 a.C da virgem Devanaguy; uma estrela avisou seu nascimento; operou vários milagres; morreu e ressuscitou.

d) Dionísio um deus (da Grécia) nasceu 500 a.C de uma virgem; transformou água em vinho; seus seguidores o chamavam de Rei dos reis, Alfa e Ômega; morreu e ressuscitou.

Aquele que um dia tentou destruir nosso livre arbítrio é o mesmo que copia o sagrado para convertê-lo em profano, seu objetivo é destruir a verdade, ele as mescla com mentiras, deturpa verdades eternas, e após mesclá-las oferece ao homem, que agradecido recebe tudo que é mau como se fosse bom. Não existe nada nos ensinamentos de Satanás que não seja uma farsa, uma adulteração de algo que antes era uma verdade divina.

Mas, “ele” sozinho não consegue fazer estas manipulações, precisa da ajuda de alguém, é neste ponto que se nos apresentam as tentações. Ao ler A Pérola de Grande Valor aprendemos que Caim falava com Deus, portanto, nada mais lógico concluir que ele também foi instruído nas ordenanças do templo na mesma forma que os outros membros da família. Ele conhecia as cerimônias do templo e as compreendia. Mas, similar a muitos outros filhos de Deus, ele fez sua opção por Satanás, então, Caim saiu da presença de Deus, por isso não me surpreendo ao encontrar cópias (adulteradas) das cerimônias do templo nos rituais dos vários outros seguimentos religiosos, alguns bem mais antigos que o próprio cristianismo.

Pesquisando com esmero você notara espalhados por todos os seguimentos religiosos do mundo resíduos dos rituais como originalmente ensinados a Adão. Até mesmo no catolicismo encontramos similaridades com normas ou rituais tão conhecidos de nós mórmons. Somente para ilustrar minha fala cito como exemplo:

a) Ao ser escolhido um novo Papa sua primeira decisão é assumir um novo nome pelo qual deverá ser reconhecido por todos;

b) Todos os padres usam vestimentas especiais por ocasião das celebrações e outras liturgias. Segundo afirma a teologia católica, estas vestimentas, estão relacionadas ao sacerdócio do qual os padres são detentores;

c) É comum nas igrejas católicas o uso de “água benta” aspergida sobre os fiéis, esta é uma clara alusão ao ritual da ablução.

Ao citar estes exemplos não o faço com o intuito de agredir a fé de meus irmãos, mas sim para alertar do risco que se corre ao empunhar a espada de justiceiro para combater o sagrado como se este fosse profano. Os cultos satânicos, (ou influenciados por Satanás), deturpam as verdades de Deus tomando como base as ordenanças sagradas do Templo, seu único objetivo é afastar o homem da Deidade, ele age de forma tão sutil que este distanciamento algumas vezes não é notado.

Fico surpreso ao ver que alguns de meus irmãos mórmons desconhecem por completo nossa história, prendem-se unicamente a leitura curricular desprezando verdadeiros rincões de conhecimentos como que se estes livros guardassem segredos indesejados. Por desconhecer os fatos históricos meus irmãos mórmons vêem na Maçonaria um inimigo que deve ser combatido ao estilo dos cavaleiros medievais, “até a morte”. Estes pseudos iconoclastas têm buscado até mesmo no livro de Mórmon justificativa para sua incompreensível ojeriza, sentimento este que deixaria até mesmo o profeta Joseph Smith e outros mórmons maçons do passado boquiabertos. Estes tutores do preconceito lançam mãos de expressões e textos isolados para justificar seus ataques à Maçonaria, comumente valem-se da expressão “combinações secretas” (largamente citada no Livro de Mórmon), como que se a Maçonaria se enquadrasse neste contexto. Os que assim pensam demonstram total desconhecimento até mesmo do contexto Mórmon das escrituras, audaciosamente dão novas interpretações àquilo que exaustivamente já foi explicado. Abaixo cito dois exemplos de combinações secretas, para que você entenda que esta expressão nada tem haver com a Maçonaria;

a) Máfia (é uma organização criminosa secreta, fundada na Itália no século XIX sob a alegação inicial de garantir a segurança pública, posteriormente ela se expandiu por todo o mundo, inclusive Brasil. Seus membros são acusados de participação em numerosos crimes, entre os quais; tráfico de drogas, prostituição, contrabando (de bebidas e outros), assassinatos, etc. O termo máfia se tornou sinônimo de crime organizado);

b) Ladrões de Gadiânton (grupo de ladrões que habitou nas Américas por volta de 29 a 23 a.C. Aos que pertenciam a este bando eram revelados seus segredos de iniqüidades e suas abominações, e eram impostas duras penalidades aos supostos traidores, inclusive, pena de morte, estas regras foram estabelecidas por Gadiânton, de quem o grupo herdou o nome;

Em qualquer um destes grupos existe a ameaça real, (não simbólica), de morte a quem revelar seus segredos, ou até mesmo tentar sair do grupo. Uma vez que se ingressa em uma destas sociedades secretas jamais será permitida a saída, já que existe o temor de que aquele que tentar sair venha a revelar seus segredos.

Aqueles que têm tentado associar Maçonaria a estes grupos secretos e satânicos agem motivados pelo preconceito que é alimentado pelo desconhecimento do contexto maçônico e isto os faz procederem de forma tão injusta. Maçonaria não é secreta, é sigilosa, assim como as ordenanças do Templo (Mórmon) são sagradas e não secretas. Todos os compromissos assumidos com a Maçonaria são voluntários e simbólicos, ninguém será literalmente morto por revelá-los, nem tampouco ninguém estará obrigado a continuar participando dos rituais maçônicos contra sua vontade... Talvez a lenda de que um Maçom jamais poderá abandonar a Maçonaria tenha ligações com nossas convicções, quando uma delas diz simbolicamente, “uma vez iniciado, iniciado para sempre”. Aos desatentos, informo que ninguém estará obrigado a permanecer na Maçonaria caso não seja seu desejo. Pesquise na internet e descobrirá vários “ex-maçons” que hoje, inclusive são nossos maiores perseguidores e, vivem suas vidas tranquilamente sem sofrer nenhuma represália por parte da Maçonaria.

Alguns dos que tentam associar Maçonaria ao satânico, também tentam da mesma forma associá-la A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a intenção é matar dois coelhos com uma só cajadada, acusam-nos (nós mórmons) de havermos copiado os rituais da Maçonaria para estabelecer os sagrados convênios do Templo, este pensamento destoa da verdade. Por várias vezes já tenho abordado esta temática, portanto considero desnecessário mais uma vez retornar a este tema, fica valendo o que já disse antes: “A Maçonaria e a Igreja de Jesus Cristo beberam em uma mesma fonte, tiveram um encontro no Templo do Rei Salomão, e um desencontro em Nauvoo, daí as semelhanças.”

Mas é claro que os contrários a nós mórmons e a Maçonaria jamais estarão satisfeitos, em seu frenesi quase eterno, buscam imaginários paralelos entre as doutrinas do Templo e os rituais da Maçonaria. Agindo motivados por um desvairo compulsivo tentam encontrar algo satânico na Maçonaria, ou até mesmo qualquer coisa que possa não parecer sagrado nos convênios que fazemos na casa do Senhor, a estes que assim procedem deixo a recomendação de Gamaliel aos que perseguiam os ensinamentos dos primeiros Apóstolos – “Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.” (Atos dos Apóstolos 5:38,39.

Ao fazer uma sucinta abordagem acerca da Casa do Senhor, fiz usufruindo dos meus privilégios de membro comum da Igreja. Compartilho com todas as pessoas meu testemunho declarando que aceito Jesus Cristo como único Salvador da humanidade, fora dele o homem estar só e perdido, declaro aceitar também que o Senhor tem revelado aos seus servos Profetas somente aquilo que julga necessário a restauração do sagrado. Em nenhum momento minha intenção foi expor ao ridículo ou depreciativo as sagradas ordenanças que um dia fiz, e a cada ano renovo na Casa do Senhor, se fui sucinto quando da abordagem dos convênios no templo, o fiz por puro zelo. Lembro a todos os membros que esta é a maneira correta de tratar algo tão sagrado. Se parecer que fui omisso ao falar destes convênios, fiz isto não por que estes convênios sejam secretos, mas porque são sagrados. Somado a meu testemunho deixo a todos meu convite de que venham a Cristo e sejam perfeitos nele. Deixo estas palavras em nome do (único) redentor da humanidade, Jesus Cristo o filho amado de Deus. Amém.

BIBLIOGRAFIA

∴ A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – A Pérola de Grande Valor

∴ José Reis Chaves - A Face Oculta das Religiões: uma visão racional da Bíblia.

∴ Pedro Luiz Mangabeira Albernaz - Em busca de Deus.