ARTISTA PLÁSTICO
ARTISTA PLÁSTICO
Sou um artista.
Habituado como estou a riscar nas virgens telas as paisagens da vida, mais um trabalho pretendo executar. Já, praticamente, não pertenço a este mundo que me rodeia. Volto-me para o meu mundo interior onde começo a vasculhar em busca de um novo motivo para a minha arte.
Na branca tela da minha imaginação começam a surgir os primeiros traços. Como um toque de mágica, as cores vão se misturando e a figura vai tomando forma. Tinjo de vermelho as brancas espumas que beijam as praias, colho o negrume da noite e clareio com os raios prateados do luar. Aqui mais sombra, ali, mais luz e um vulto aparece na tela. Meu cérebro está em fogo, e a espessa fumaça sobe aos céus em turbilhão como se fosse negra madeixa. Não, negra não assenta bem, precisa clarear. Quem me dera eu tivesse algumas moedas de ouro e o tom estaria quase perfeito. Jogo sobre a tela algumas rosas vermelhas que os meus dedos esmigalham na insana busca da perfeição das cores. Um raio corta o infinito e o seu clarão ilumina toda a tela completando o trabalho.
Não é possível! É um a figura de mulher, mas está imóvel como se estivesse morta, embora possua todas as cores da vida.