ELEIÇÕES DO CACETE

Por Dimas Paixão

As fraudes eleitorais eram muito comuns no Brasil Imperial. Os dois partidos, Liberal e Conservador, usavam suas influências para definir os componentes das mesas eleitorais, que comandavam as eleições em cada paróquia: poderiam rejeitar eleitores, iniciar e encerrar as votações quando queriam. Chegavam a deixar as atas em branco para os presidentes provinciais escreverem ali o “resultado” das eleições. Mas os partidos não ficavam nisso: convocavam até bandos armados para intimidar eleitores. Nas votações de 1840, o Partido Liberal – que subiu ao poder com o “Golpe da Maioridade”, colocando D. Pedro II no trono aos 14 anos – usou e abusou de seus capangas. Em retaliação às “eleições do cacete”, D. Pedro II dissolveu seu gabinete, formado por liberais. A medida contrariou os ex-aliados, que acabaram provocando tumultos em São Paulo e Minas Gerais. Foram as chamadas “Revoluções Liberais de 1842”. Em ano de eleições, mudaram os partidos e as táticas de intimidação. Mas convém ficar de olho nos “cacetes” que resistem ao tempo.

Revista História da Biblioteca nacional, edição nº 34, p. 86 de julho/2008.