Exemplos e palavras

Exemplos e palavras

A invasão seguida do “quebra-quebra” na câmara dos deputados em Brasília é um atentado contra a Democracia. Esperamos que esse episódio lamentável seja tratado com toda rigidez necessária para que os culpados sejam punidos na forma da lei. Mas é de bom alvitre, mencionar que alguns políticos e pessoas ocupantes de cargo público, são co-responsáveis nessa balbúrdia que nos faz retroceder aos reinos bárbaros. O que assistimos hoje no Brasil são exemplos detestáveis de impunidade incomensurável, apoiados numa lei penal antiquada e “frouxa”, cheia de recursos absurdos e rabulices forenses que disseminam a sensação de ausência da ordem. Tudo é permitido, nada é proibido! Os “sanguessugas” podem beber o “dinheiro” do povo brasileiro, numa espécie de vampiros modernos , o mensalão, o caixa dois, os dólares na cueca, o dinheiro do Maluf, as trapaças do Azeredo, os “financiamentos” do Garotinho, as mordomias do Lalau, etc. No meio desse “banzé” surgem alguns grupinhos “inflados” pela falta de castigo, invadindo a Câmara Federal, ávidos para serem notícias. De qualquer forma seguem o exemplo de seus líderes, que vivem estampados nas capas dos principais jornais e nos noticiários da TV por suas façanhas incoerentes com a lei e os bons costumes, numa espécie de “ninguém é punido, então vamos lá”. Muitos deputados e senadores não possuem idoneidade moral suficiente para criticar esses baderneiros, pois também praticam uma “baderna” no dinheiro público. O que nós precisamos é de governabilidade com responsabilidade, pois “um exemplo vale mais que mil palavras”. Ou modificamos urgentemente a aplicabilidade da lei penal no Brasil, garantindo a Democracia, ou estamos fadados às Eras primevas, onde a força era imperativa , qualidade incompatível com a evolução humana, pautada na inteligência e no diálogo da geração contemporânea.É mister, mais do que alhures que seja preservada a ordem em todos os campos da sociedade e que os exemplos partam de cima também, principalmente dos homens públicos. Precisamos acabar com essa cultura nefasta que “engravatados” não vão para a cadeia e punir quem merecer. O escritor milanês Cesare Beccaria (1738-1794) no seu clássico “Dos delitos e das Penas” diz que “só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social”. Pois bem, aqui no Brasil esse contrato social está correndo sérios riscos, enquanto as leis estiverem sendo feitas para beneficiarem seus elaboradores, através de seus inúmeros recursos.