OTRABALHO PEDAGOGICAS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA UNIVERSITARIA: REFLEXÕES .

OTRABALHO PEDAGOGICAS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA UNIVERSITARIA: REFLEXÕES .

Claudenice Costa de Souza

Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Intercontinental - UTIC

Resumo: o presente artigo relata a educação Universitária sendo um elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado. Educar em uma sociedade de informação significa investir na criação de competências suficientemente ampla que lhes permitam ter uma atuação efetiva na tomada de decisões fundamentadas no conhecimento Sociopolítico da Educação. Objetiva abordar que, as atividades pedagógicas no cotidiano da sala de aula universitária nos leva a refletir sobre a qualidade do ensino de graduação, o conceito de sala de aula universitária, características do ensino aprendizagem universitários como também faz ressalvas dos tipos de atividades que deverão ser desenvolvidas no âmbito acadêmico, Assim, os desafios de implementar essa nova concepção de educação universitária pautada na importância de constituir um individuo histórico mormente na sociedade atual, onde as universidades é o produto de desenvolvimento do processo holístico. Nesse sentido, o caráter mediador das academias educacional, visa dentro de uma sociedade revelar como instrumento de manutenção ou transformação social e não como um fim em si mesmo. Desse modo ela precisa de pressupostos, de conceitos que possam fundamentar e orientar os seus caminhos na sociedade a qual ela está inserida, precisando possuir alguns valores e saberes que possam nortear a sua prática pedagógica. Em suma, compreender a abordagem que a qualidade universitária na educação é poder lidar com os educadores e educando, possibilitando-os a entender que seus comportamentos, seus atos, seu modo de visão são fios da teia da vida e que a harmonia e a desarmonia de qualquer um desses elementos terá reflexo na totalidade cotidiana da vida humana.

Palavras-chave:Educação.Universidade.Conhecimento.Reflexão. Sociedade. Saberes.

Introdução:

Partindo do principio que a complexa estrutura da sociedade vem fazendo com que às práticas pedagógicas dos professores sejam revistas, bem como seus processos de formação. Assim, esta não se reduz a uma questão técnica, mas envolve múltiplos saberes e fazeres e dimensões da vida humana. Ser professor universitário não se limita somente no ato de ensinar, sua atuação precisa ir além do âmbito do ensino, possibilitando uma participação nos espaços acadêmicos de con-vivência consciente em todos os espaços pedagógicos.

Nesse sentido, esta preocupação com a formação docente mais articulada ao trabalho com o humano tem visado uma perspectiva mais compreensiva e reflexiva para sua fundamentação. Além disso, vem conquistando no espaço de suas discussões, práticas diferenciadas que contribuam para a valorização de seus profissionais, para a qualidade de ensino e para a melhoria das políticas educacionais para o ensino superior.

Em contrapartida, a modernidade contribui com o crescimento de problemas profundos que afetam a sociedade e atingem os sistemas de ensino. Apesar da maior oferta de vagas, estes não têm correspondido em qualidade formativa, não atingindo às exigências da população e das demandas sociais. Por isso, procuram-se soluções para recriar a gestão acadêmica dando ênfase na prática docente, principalmente, através da Formação de Professores. Nessa perspectiva, é que o papel do professor e sua prática docente exercem função fundamental para a construção de um novo projeto de ensino e de uma Formação Profissional coerente com as necessidades dos licenciandos.

Nesse contexto, a prática pedagógica do professor do Ensino Superior, muitas vezes ainda é, imbricada de um ensino tradicional, no qual os alunos são considerados meros instrutores de movimentos executados pelo professor, sem qualquer incentivo a participação discursiva em aula e vivências com a pesquisa e a extensão. Essa formação para o “saber fazer” impede ao professor qualquer possibilidade de refletir sobre sua prática e a interagir nas universidades como um sujeito de sua aprendizagem. Esse comportamento, mesmo com exceções, acabou construindo uma imagem negativa para o professor, voltada ao desinteresse de aspectos intelectuais, sua atuação ao prático, ao técnico, restringindo sua disciplina aos aspectos controladores, não como forma de educar, mas de treinar.

Entretanto, essa realidade precisa mudar e está mudando, já que a Educação Universitária como uma função sócio-pedagógica, além do seu compromisso para a transformação de uma sociedade mais ativa e participativa do meio sócio-econômico. De acordo como Moro (2003) o professor tem funções sociais e profissionais, tendo a responsabilidade de problematizar conhecimentos, os que pertencem a sua formação. Tal pressuposto é concretizado através de seu engajamento profissional e educacional, sendo da sua profissão buscar fazê-lo.

Nesta direção, é importante entender o termo educador, porque teoricamente, todo professor, pressupõe educador, mas, na prática educacional universitária, nem todos carregam o compromisso com o ensino e a pesquisa e a competência de realmente serem educadores e formarem futuros educadores. Assim, nesse artigo pretende-se dialogar com autores que vem pensando, revendo e discutindo a prática pedagógica universitária do professor formador e a promoção da autonomia e da reflexão crítica no contexto da Formação Inicial em Educação Superior.

Assim, percebe-se que, apesar das demandas do mundo do trabalho exigirem um profissional autônomo, ético e crítico, a universidade, a qual possui papel fundamental para desenvolvimento da sociedade, não tem conseguido contribuir para a formação de sujeitos com tais características. Ainda que, vivencia-se hoje um período de reformas na Educação Superior e todas justificadas pelas mudanças profundas que vêem ocorrendo no sistema vigente, em função da rapidez com que as informações vêm sendo processadas, seguidas do advento das inovações tecnológicas, que se transformam a cada instante, tanto no cenário internacional como nacional. Neste contexto, pensar e repensar a Formação de Professores, significa para todos os educadores, acadêmicos, um grande desafio, como conseqüência da insatisfação dos modelos atuais, principalmente, nos Cursos de Licenciatura.

A Formação do Professor, no que concerne à sua função em sala de aula, deveria proporcionar condições para estimular o “querer mais”, a busca para aperfeiçoar o seu trabalho na perspectiva de mudanças significativas. Como Nóvoa (1992) coloca que a formação pode estimular o Desenvolvimento Profissional dos professores no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente, sendo de extrema importância valorizar os paradigmas de formação que promovam a preparação de professores reflexivos. Reforça ainda, que uma boa formação capacita o professor para ser reflexivo, diante das situações que lhes são apresentadas em sua vida profissional, seja diante de novos paradigmas ou de ideologias que tentam impor uma concepção de escola e de mundo.

Nesse sentido, a emancipação dos educandos em busca de uma participação mais ativa na sociedade em que vivem embasará, conseqüentemente, uma atuação profissional voltada à formação de alunos mais autônomos e crítico-reflexivo. Em contrapartida, tais características são tão discutidas no meio acadêmico de Formação de Professores, sendo defendidas no discurso da maioria dos educadores. Porém, na prática pouco é feito para sua concretização. Este fato freqüente justifica-se, principalmente, pelo modelo de racionalidade técnica, que esses educadores se formaram. Assim, apesar deles acreditarem em outras propostas de ensino, aquela continua fortemente enraizada e presente em suas práticas pedagógicas.

Portanto, faz se necessário desenvolver pesquisas direcionadas a qualidade dos trabalhos desenvolvidos na sala de aula universitária em relação ao campo pedagógico dos profissionais que formam professores, investigando seus conhecimentos pedagógicos, com ênfase na visão que o professor possui sobre a função da Educação e que concepção mais se identifica compreendendo a aula como espaço e tempo de aprendizagem por parte dos alunos.

1. Saberes docentes pedagógicos no cotidiano da sala de aula universitária

Partindo do principio que a formação e profissão docentes apontam para uma revisão da compreensão da prática pedagógica do professor, que é tomado como mobilizador de saberes profissionais. Assim, considera-se que este, em sua trajetória, constrói e reconstrói seus conhecimentos conforme a necessidade de sua utilização, suas experiências, seus percursos formativos e profissionais .

Deste modo, o professor tem um grande desafio já que está inserido numa sociedade capitalista na qual, o consumo e a alienação dos sujeitos são as grandes metas impostas, sem que, muitas vezes nem se perceba. A globalização esta presente nas mais variadas e cotidianas atividades que vivenciamos, assim, precisa-se está sempre atentos e voltar olhares para além das aparências, procurando explorar o que de positivo há nesse processo global. Porém, o que se evidencia são as influências negativas, principalmente para os indivíduos que possuem mínimas condições de vida. Este fato confirma-se no contexto político, em que as políticas educacionais seguem e privilegiam os dados quantitativos conquistados, na maioria das vezes, através de meios menos formativos do que apelativos.

Morin (1998) reflete sobre esse processo e como ele vem sendo realizado nos dias de hoje em que, as questões culturais construídas historicamente apresentam-se imbricadas nas relações da sociedade. Destaca que somos constantemente direcionados, determinados, impostos, sujeitados a alienações que favorecem poucos entre muitos. São imposições políticas, sociais, econômicas e culturais, que visam aprisionar o conhecimento, definindo normas, comportamentos, pensamentos. Apesar dessa imposição, aparentemente irreversível, existem possibilidades, para escapar e driblar a normalização, como por exemplo: o diálogo entre culturas, o espírito crítico, os debates, o confronto de idéias, os vários pontos de vista, a quebra de normas, de tabus, o desvelamento em âmbitos formatados e aprisionados – regulados pela minoria, novos olhares, outros caminhos, a busca do dinamismo, a participação democrática, a desconexão, a invenção, a criação, a liberdade de expressão. Uma possibilidade diferenciada de fugir da normalização democrático-cultural que normaliza as referências à crítica, a dúvida e a livre expressão de verdades antagônicas. Nesse sentido, realiza-se um comércio dialógico (MORIN, 1998).

Nessa linha de pensamento, Santos (2002) quando trabalha com as crises e as mudanças de paradigmas enfatizam que, precisa-se evoluir do conhecimento-regulação (do caos para a ordem) para o conhecimento-emancipação (do colonialismo para a solidariedade). Este último aspira não uma grande teoria, mas sim uma teoria da tradução, elevando o outro - objeto na condição de sujeito, desenvolver um pensamento alternativo de alternativas, assim como, a capacidade de prever, maximizar a subjetividade e minimizar a objetividade, contextualizar o conhecimento, efetivar a aplicação partilhada e desprofissionalizada do conhecimento, ter compromisso ético, defender as experiências de hoje, denunciar o caráter repressivo, lutar contra o consenso.

Tendo em vista que a Educação tem um papel importante no processo de humanização do homem e de transformação social, a evolução da Educação está intrinsecamente ligada à evolução da sociedade (GADOTTI, 1999). O autor esclarece que a prática da Educação é muito anterior ao pensamento pedagógico. Este que surge com a reflexão sobre a prática, pela necessidade de sistematizá-la e organizá-la em função de determinados fins e objetivos.

Deste modo, nenhuma novidade é dita quando afirma-se que a universidade brasileira sofre do mal da ineficiência, manifestada pela anemia da qualidade do ensino. Na busca de reverter com essa situação é que pequenos grupos, em relação a grande maioria, vem desenvolvendo um trabalho consciente e transformador, para além das reformas curriculares. Estas que iniciaram na década de oitenta e tiveram decepções imediatas, considerando que apenas mudanças e/ou inclusão de disciplinas na grade curricular, não atende as metas pretendidas. Sendo que, a base para uma transformação deste processo, tão complexo que é a Educação, se faz necessário num primeiro plano, que sejam revistos os alicerces da construção do conhecimento, o trabalho pedagógico dos professores desenvolvido nas salas de aula (SANTIN, 2001).

Para que isto ocorra é necessário que os currículos universitários apresentem disciplinas com questões políticas e sociais que permeiam a escola, e o futuro professor ao terminar sua graduação, esteja habilitado ao ingresso no mundo do trabalho, tendo a capacidade de comprometer-se com as responsabilidades que a carreira exige (FARIAS; SHIGUNOV; NASCIMENTO, 2001). A partir disso, percebe-se a importância em repensar a formação de professores e questionar qual o perfil de educadores que se objetiva formar, e a partir daí procurar melhorar a qualidade no ensino de graduação das universidades.

Assim, é preciso pensar em uma Educação libertadora e problematizadora do conhecimento, que proporciona a emancipação dos educandos ao mesmo tempo em que promove a autonomia e a consciência crítica. Enquanto o professor educa seus alunos, é educado por estes e vice-versa. Pois, como alerta o mesmo autor, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. Não é no silêncio que os homens aprendem e constroem o conhecimento, mas sim na palavra e no trabalho, na ação-reflexão. Nesse sentido, não há diálogo verdadeiro sem um pensar crítico, e no momento em que se instaura a percepção crítica na ação, se desenvolve a esperança, a qual leva os homens a empenhar-se na superação de seus limites (FREIRE, 2007).

Em suma, os saberes pedagógicos docentes é um dos principais agentes que possui meios para transformar a Educação, através de uma prática pedagógica consciente e renovadora com metodologias coerentes com a realidade dos educandos.

Considerações finais

A postura dos professores no contexto universitário demonstra interesse na aquisição e incorporação dos saberes pedagógicos que deverão ser desenvolvidos na sala de aula universitária estando sempre em busca de melhorar sua prática. Nesse sentido, não pode desenvolver a prática baseada na reprodução, mas na reflexão, tendo consciência da necessidade de adquirir os saberes pedagógicos fundamentais na docência universitária.

Assim, é necessário que na prática de sala de aula que os professores mobilizem os saberes pedagógicos pela forma de envolvimento dos alunos com a própria aprendizagem por meio da interação que se estabelece entre eles, os alunos e os saberes. Construindo, reconstruindo e socializando os saberes pedagógicos e o cotidiano de sala de aula é revelador de indicativos que contribuem para a construção de novos saberes pedagógicos.

Assim, torna-se necessário que os Cursos de Formação socializem com o acadêmico/professor não apenas os conhecimentos específicos da sua profissão, com foco na técnica, mas sim, trabalhar com as essências do fenômeno educativo através do ensino reflexivo. Logo, é essencial lembrar que o professor não se forma com o término do Curso de Graduação, mas nas relações que estabelece no dia-a-dia do seu contexto profissional, reconstruindo constantemente, diferentes saberes, acreditando que a atitude reflexiva do professor permitirá desenvolver essa mesma reflexão nos seus alunos, em decorrências das atividade propostas em aula. Nessa linha de pensamento, entendendo que a formação Inicial em Educação superior é o período em que o futuro profissional adquire os conhecimentos científicos pedagógicos e as competências necessárias para enfrentar adequadamente a carreira profissional.

Em suma, pode-se pensar, tanto a universidades como as demais instituições educativas –Escolas, como espaços de formação constante e principalmente, de alternativas de transformação. Mesmo que, as mudanças ocorram lentamente, já que esta é uma característica social e cultural de nossa sociedade quando se trata de Educação, pode-se vislumbrar e atingir muitos objetivos no momento que se compromete eticamente com o trabalho e acreditando que os saberes docentes, precisam ser adquiridos para desenvolver um trabalho com competência, pensando nas atividades pedagógicas em sala de aula universitária.

Referências

MASETTO, Marcos T. Atividades Pedagógicas no cotidiano da sala de aula universitaria: reflexões e sugestões práticas. São Paulo, 2002.

TARDIF, Maurice & GAUTHIER, Clermont. Os saberes profissionais dos professores: fundamentos e epistemologia. Universidade de Laval, Quebec, 1995

FREIRE, Paulo Pedagogia do Oprimido. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999.

MORIN, Edgar. Determinismos culturais e efervescências culturais. In: O método IV. Porto Alegre: Sulina, 1999.

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Enviado por claudenice em 24/07/2009
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