Ninguém me ama?

Você já se perguntou se alguém te ama? Já sofreu com essa dúvida por muito tempo? Mesmo vivendo uma tórrida paixão, já se angustiou em relação ao sentimento do(a) parceiro(a)?Acho que muitas pessoas vão responder afirmativamente a essas indagações.É que em nossa incompletude, nos ocos que fazem parte de nossa composição psíquica, sempre temos a sensação de que nos falta algo.E na tentativa de entendimento desse vazio impalpável, passamos toda uma existência, buscando preenchê-lo de todas as formas possíveis e imagináveis.As horas junto ao (à) amado(a) nunca são suficientes, as palavras ditas no momento de discussão não foram aquelas que deveriam ser ditas,o telefone não tocou tantas vezes quanto o esperado.Ele esqueceu o dia do meu aniversário.Ela saiu sem me avisar.Meu namorado não notou o meu novo vestido.Vamos nos atendo a essas coisinhas do dia-a-dia, buscando justificar a insegurança que nos domina em relação ao amor.Creio que a nossa formação não nos preparou devidamente para a alegria, para a satisfação plena e sem culpa.A felicidade nos assusta e muito.Assim, sempre é preferível se preparar para o pior.Sofrer por antecipação.Coisa de masoquista? Penso que não.Existe ,entre outras coisas ,toda uma idealização do "quanto mais difícil, melhor" que faz parte do currículo de nossa construção cultural.Soma-se a isso aquele sentimento que parece fazer parte do nosso DNA(principalmente do feminino): a culpa.Então, naquele momento de descontração com os amigos, de repente, no melhor da festa, a gente resolve ir embora.Ou durante as férias na praia, quando tudo está tão bom, alguém cisma de voltar para casa.E até naquele instante de puro êxtase sexual, vem aquele sentimento nostálgico, talvez um receio de que não aconteça de novo.Loucura? Insegurança?Acho que é o medo da felicidade.A leveza do ser feliz não condiz com o peso que a nossa cultura nos impingiu.Por isso, estamos sempre em dúvida em relação aos nossos sentimentos.Sempre desconfiados.Sempre buscamos um viés que nos confirmará o medo: Eu sabia que tinha algo errado.Era bom demais para ser verdade.
Esses questionamentos que faço não querem dizer que tenho as respostas.Muito pelo contrário.Dou a minha mão à palmatória.Faço parte do grupo.Muitas vezes ja senti esse vazio do "ninguém me ama, ninguém me quer,ninguém me chama de meu amor".Mas para a minha grande alegria, consegui entender um pouco minha incompletude e perceber que faço parte de algo maior: a espécie humana.Que nos confere muito mais de semelhança em nossas ansiedades do que de diferente.
Então, como qualquer outra pessoa, já fui, sou e serei muitíssimo amada por muitos( ou não) na exata proporção em que eu conseguir me amar de verdade, pelo menos driblando a culpa, caso não consiga nocauteá-la.
amarilia
Enviado por amarilia em 29/07/2009
Reeditado em 07/01/2013
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