Estamos fadadas à solidão?

De repente quarenta, cinquenta e por aí vamos.Chegamos a uma época que tem tudo para ser deliciosa.Estabilidade emocional e financeira, objetivos alcançados e os que não foram não mais incomodam,vaidade em equilíbrio( já não fazemos qualquer coisa em nome da beleza),filhos crescidos e já encaminhados na vida ou, se eles não vieram, o instinto maternal já se deslocou para outras coisas e os lamentos ficaram para trás.Parece um cenário suave, em tons pastéis, extremamente sedutor, não é? Quantas mulheres se encontram nessa fase da existência, onde a calmaria não é sinônimo de rendição, muito pelo contrário.É simplesmente o remanso conquistado depois de muita labuta, muitas lágrimas, muitas crises pessoais que fizeram de cada uma a guerreira que, não fugindo à luta pela sobrevivência, aprendeu todas as armas de sedução e todas as maneiras do bem viver, armazenando o rico aprendizado para o pós-guerra, ou seja, agora, hoje. E eu pergunto a você, companheira, mulher em plena maturidade:Estou divagando, ou é isso mesmo?E se é fato o que exponho aqui,por que então ainda suspiramos de vez em quando, ou sentimos aquele vazio em alguns momentos, quando percebemos que em nossa vidinha ,aparentemente tão organizada, algo não está tão bem?Ou, para ser mais explícita: Por que ainda sofremos por amor?Por que ainda caímos em tentação, acreditando que é possível mudar aquele cafajeste, que nunca nos deu valor, que esquece o dia do nosso aniversário, que nunca é gentil,nunca avisa aonde vai, e nem nos satisfaz na cama?Em nome de que nos encontramos às vezes em situações como essas?

É difícil avaliar as nossas reais necessidades.O que lá atrás nos marcou de tal jeito que nos atrofiou o gene da autoestima.Fato é que somos sempre suscetíveis ao comando do coração e, com toda a independência conquistada ao longo da história, ainda sofremos por amores-bandido, por homens que de mulher não entendem nada e que ainda pensam que uma boa vida sexual pode prescindir da amorosidade e se resume apenas na quantidade, não conseguem entender que o verdadeiro encontro só é possível quando a gente se entrega por completo, sem jogo, sem trapaça e sem cobranças.

Não sei se estamos fadadas à solidão.Talvez até estejamos.Mas ainda penso que mais vale estar só com nossas emoções, com nossa verdade, a ter de pagar um preço altíssimo por uma companhia invisível,por quem é incapaz de nos atender em nossos desejos mais caros, entre os quais que ele, o homem ,seja de sua dama por inteiro e permita que sejamos para ele toda a multiplicidade de ser que pertence à mulher.
amarilia
Enviado por amarilia em 05/08/2009
Reeditado em 26/11/2012
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