Discriminação da pinga

Romeu Prisco

Há muito que o vinho e, mais recentemente, o café, representam bons indicadores para o coração, ambos com base em estudos e dados científicos.

Cardiologistas de renome recomendam a ingestão de um copo de vinho nas refeições, ou seja, o equivalente a mais de meia garrafa (750ml) por dia, inclusive para portadores de arritmia cardíaca. Enfim, o vinho possui propriedades terapêuticas, benéficas ao sistema cardiovascular. O mesmo agora se dá com o café. Não sei se a cerveja também já passou por um teste científico, mas, sei que alguns médicos a recomendam como diurético. Afora o fato de ser a bebida da moda, a cerveja, além de sempre nos trazer belas imagens nas suas campanhas publicitárias, como é o caso de Juliana Paes, já foi aprovada, isto sim, pelo teste dos apreciadores de todas as idades.

E a pinga ? Ora, a pinga, embora também seja do agrado de muita gente de "bem", principalmente quando serve de ingrediente para a famosa "caipirinha", ainda está relegada a um plano secundário, talvez por ser uma bebida mais popular, portanto, menos "nobre". Todavia, não teria ela boas qualidades ? Vejamos.

A exemplo do café, a garapa, pouco tempo atrás, também passou por estudos científicos, que igualmente a classificaram como saudável para o coração. Pois bem, a garapa nada mais é do que caldo de cana, ou seja, a mesmíssima matéria-prima empregada na produção da pinga. Daí esta, entre outros nomes, ser ainda conhecida como "caninha". Diz-se que a pinga não é recomendável por ser uma bebida alcoólica. E o vinho, por acaso também não é ? Assim, a ser desaconselhável a ingestão de pinga, então, que se passe a ingerir apenas garapa e suco de uva. Quanto ao teor alcoólico das bebidas, inclusive, pois, da pinga, nada impede a sua dosagem para mais ou para menos.

Apesar de já possuir embalagens vistosas e até de ser exportada, a pinga ainda não tem um "marketing" eficiente, como o vinho, o "scotch", a cerveja e outras bebidas. Quando isto acontecer, não se tenha dúvida, a pinga também será contrabandeada no Paraguai. Por tudo isso, já passou da hora de se acabar com a discriminação contra a pinga, a começar pela abolição das expressões "pinguço" e "cachaceiro". Porre de pinga não é nenhum pouquinho diferente do porre de outras bebidas.

Finalmente, um brinde com a "branquinha": "tchin-tchin", uma pro santo, outra pra mim !