Observe as mãos*

Observe as mãos* - Orson Peter Carrara

Às vezes paro para admirar as mãos. Já pensou o leitor no significado das mãos?

São elas umas de nossas maiores bençãos... Já imaginou acordar sem elas? Como seria?

Mas quem é forte, consegue sentir-se feliz, mesmo sem elas ou sem os olhos, como os vários casos que existem em nossos meios.

Fomos beneficiados com duas mãos. E elas trabalham juntas. Já disse o ditado que "uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto". Eis aí uma grande lição, um grande ensinamento convidando-nos à solidariedade.

É verdade que todo o corpo e sua magnífica complexidade biológica está a nosso dispor. Mas, como somos péssimos administradores, envenenamos com álcool, fumo, gordura e produtos químicos.

Mas, e as mãos? Vejo-as neste momento digitando neste teclado de computador, numa subserviência comovedora. Subserviência ao cérebro que a dirige. Daqui a pouco, vou ao banho, e que seria dele sem elas? Pouco mais, na refeição, onde elas me ajudarão no ato da alimentação. Mal entro no carro e são elas que pegam o cinto de segurança, que seguram o volante. E mais adiante, vejo-as acenando aos amigos. Aliás, muitas vezes, elas falam por mim. Sim, elas falam. Os deficientes visuais têm nelas os olhos que lhes faltam. Mãos de operários, de pianistas, de policiais, de marginais, que ajudam, que dão vida, que violentam, de boxeador, que acariciam, que pedem perdão... Mãos que curam, que plantam, que agradecem, que assinam, que assassinam, que apontam caminhos. Que escrevem, que acenam, que erguem brindes. Mãos culpadas. Mas na verdade, elas não são culpadas, apenas nos obedecem, são instrumentos. Tanto podem salvar, como expulsar um feto...

Poderia falar dos pés, que me levam a tantos lugares, mas esta crônica é das mãos. Elas só descansam durante o sono. Que responsabilidade a nossa! O que estamos fazendo com nossas mãos?

*Texto original de Carlos Romero, adaptado para este artigo.

Orson
Enviado por Orson em 16/06/2006
Código do texto: T176554