Introspecção Sadia: Auto-avaliação Construtiva.

A auto-avaliação é benéfica sob vários aspectos. Olhar para dentro de cada um de nós e fazer a leitura das nossas potencialidades e das nossas debilidades, certamente estabelece no íntimo uma visão equilibrada daquilo que somos ou nos tornamos. Esta avaliação pessoal também se constitui num terreno minado e muitas vezes fértil para sentimentos terríveis, de autocomiseração ou de baixa estima. Por isto mesmo toda auto avaliação precisa ser levada a efeito com a orientação de Deus.

Geralmente nos tornamos propensos ao ato das leituras íntimas de nós mesmos quando as crises se tornam explícitas e evidentes. Foi assim com um profeta bíblico, conhecido como Isaías. Este moço, vivendo a conjuntura da morte do Rei Uzias, monarca que havia conseguido trazer estabilidade ao povo que subjugara por ocasião do exílio israelita, agora se pergunta sobre o futuro que lhe parecia perigoso e incerto, para si e para o seu povo. Aflito, desesperançado e perplexo, resolve orar e quando o faz, Deus conduz o seu coração para algumas micro e macro-avaliações.

Em primeira instância Deus o leva à macro conjutura do universo permitindo-lhe um êxtase sobrenatural, durante o qual consegue perceber-se diante de um alto e sublime trono, no qual o Senhor estava assentado. Foi este um objetivo e intenso recado de Deus para a mudança do foco de Isaías quanto ao governo da macro-conjuntura, ou seja, significando que Ele reina e tem o controle de tudo.

Logo a seguir, o moço profeta se vê diante da santidade de Deus e exclama: “Ai de mim que vou perecendo...”. Certamente pressionado pela recente convicção de sua perspectiva equivocada, ou melhor, de sua confiança estabelecida no reinado de Uzias e dos sonhos, a seu ver desfeitos com sua morte, agora arrependende-se e reconhece suas limitações de visão o estavam levando a perecer.

Isto se dá de forma equivalente conosco quando, em meio às crises promovidas pela desestruturação daquilo ao qual chamávamos segurança, descobrimos ter construído as nossas expectativas pessoais sobre castelos de areia conceituais e meramente humanos. Esquecendo-nos de que o coração do homem pode planejar, mas que a resposta certa e última provém dos lábios do Senhor.

Quando Deus conduz a auto-avaliação descobrimos os nossos próprios limites, quando nós gerenciamos a auto-avaliação, culpamos e terceirizamos responsabilidades, redundando a atitude de Adão ao culpar Eva por sua iniciativa de comer do fruto.

Olhar-se e mensurar os limites e debilidades, sob a batuta do Maestro de nossas almas, induzir-nos-á ao contexto da cura, do equilíbrio pessoal e da restauração do potencial de vitória de cada um de nós. Digo assim porque com Isaías não foi diferente. Ao revelar-Se no Trono dos tronos, quando Se permite conhecer em Santidade e Excelência, revela a Sua graça, enviando um anjo portador de uma tenaz, a qual em brasas, toca os lábios do moço profeta e neste ato torna-o digno de ser a boca de Deus em sua terra, e para toda a terra.

Avaliações pessoais conduzidas por Deus não deprimem, não estigmatizam, não promovem apelidos existenciais indefinidamente amarrados aos seus possuidores; Antes, ao contrário, se constitui em elemento poderoso para a libertação e revelação do potencial pleno que, em Deus, move-se na direção da glorificação do Seu Nome, e no bom testemunho de que o Seu atuar em nossas vidas melhora significativamente o mundo ao nosso redor.