7 de setembro - O Brasil independente

Eu sou o Brasil de dimensões continentais, gigante por natureza. Rico em belezas naturais com mananciais de proporções incomensuráveis e uma fauna e flora mais diversificada do mundo. Fui invadido em 1500, colonizado em 1530 e nasci para valer em 1808, através da fuga de uma rainha louca e um príncipe medroso com uma corte corrupta que enganaram Napoleão Bonaparte, como bem explicitou em sua obra “1808”, o escritor e jornalista Laurentino Gomes. Vi meus primeiros habitantes serem dizimados em nome de uma nova cultura e hoje os poucos que sobram ainda lutam para sobreviver. Eu sou o Brasil da mestiçagem, do mameluco, do cafuzo, do mulato, do caboclo, do Índio, do Branco e do Negro. Eu não tenho uma identidade única, mas possuo uma identidade universal. Eu sou o Brasil independente de Portugal, que caminha por suas “pernas”, auto-sustentável, rico, e seria melhor ainda se houvesse seriedade na política nacional. Eu sou o Brasil dos banguelas e dos que pagam caro para cuidarem de seus dentes. Eu sou o Brasil dos carros importados e dos “chinelos de dedo”, que trilham estradas esburacadas por quilômetros, para terem acesso a uma escola de chão batido e bancos de troncos velhos podres. Eu sou o Brasil, onde ricos estudam em universidades públicas e os pobres se debatem para pagar universidades privadas. Eu sou o Brasil do auxílio paletó, auxílio moradia, farra das passagens, obras públicas com preços hediondos e também o Brasil do salário mínimo, onde cidadãos sobrevivem com o básico do básico. Eu sou o Brasil do Pré –Sal, da tecnologia do álcool de cana, da invenção do avião e da Embraer, mas também sou o Brasil dos descamisados, da violência, do tráfico de drogas, do sistema de saúde precário, das favelas. Eu sou o Brasil da democracia, mas também da manipulação. Sou o Brasil do Betinho, do Chico Mendes, mas também do Calheiros, do Sarney, do Collor. Eu sou o Brasil do Tiradentes que com seus ideais revolucionários não se acomodou com a farra dos poderosos e foi enforcado e esquartejado, mas também sou o Brasil de D. Pedro, não aquele “herói” que gritou “Independência ou morte”, mas sim aquele Pedro que comandou o massacre da Praça do Comércio, antes de 1822, investindo contra o povo desarmado, matando trinta e deixando dezenas de feridos. Eu sou o Brasil Independente, mas que ainda clama pela justiça e igualdade social e que lamenta que Instituições sólidas da democracia brasileira estão escorrendo pelo ralo, tragadas pela imundície da corrupção e do autoritarismo dos coronéis que ainda habitam Brasília. “INDEPENDÊNCIA JÁ!!!”