ADOÇÃO É CONFORTO SOCIAL

Quando acessamos um site de compra procuramos por um produto específico, com a marca mais confiável, a cor mais bonita, o modelo mais atraente e o custo-benefício mais rentável. O ato final da escolha normalmente é bem-sucedido. Qual é a diferença de um casal que decide adotar uma criança? Que tipo de motivação leva esses pais ao exercício da adoção?

Fatores que podem levar a crer na sinceridade do gesto adotivo são a necessidade de exercer a paternidade\maternidade, carência de companhia ou até mesmo por questões de status. Isso passa muito pelo perfil da família que adota.

Geralmente, esse perfil familiar é o de classe média alta, cultura apurada e a necessidade de passar seu legado adiante. Mas muitos aspirantes a pais têm o hábito de, ao chegar em orfanatos, escolher minuciosamente as características do seu conceito de “filho ideal”. É como se fossem mercadorias expostas em vitrines, onde se pode escolher tamanho, cor, peso, altura, ou seja: as pessoas querem adotar crianças formatadas.

Contudo, mediante a essa situação, os pais não imaginam as conseqüências, como confrontos de identidade, curiosidade da criança em saber quem realmente o gerou, choques culturais. Com relação a este último, podemos exemplificar a adoção de uma criança cambojana pela atriz norte-americana Angelina Jolie. A disparidade é clara, no sentido de o Camboja ser um país de baixa renda do Sudeste Asiático e constantemente assolado por conflitos civis. Não é simples para uma criança fora do que viria a ser seu meio natural compreender o contraste entre os seus conterrâneos e uma das mais prósperas nações, os EUA. Os pais precisam, então, trabalhar o lado social da criança, para que ela não se veja presa em um contexto que ela nunca julga ser apta.

Outro ponto crônico da adoção é o status. Conforme foi citado no parágrafo anterior, Angelina Jolie adotou uma criança. E Angelina Jolie é uma das mais famosas e bem-sucedidas personalidades do mundo. Em nossa sociedade de consumo, não há necessidade de mais nada para que milhões de mulheres se sintam encorajadas a fazer o mesmo. Porém, não possuem perfil nem estrutura emocional para adotar uma criança. Se para uma família convencional já é difícil criar filhos, a adoção pode ganhar contornos de um verdadeiro sacrilégio e ser um agravante no processo educacional e formativo da criança.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 05/09/2009
Código do texto: T1794214
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