PELE, UM SENTIMENTO NACIONAL, UM REI SEM MONARQUIA

PELE, UM SENTIMENTO NACIONAL, UM REI SEM MONARQUIA

*Rossana Claudya

Ele foi o atleta do século, a nossa maior celebridade, não há dúvida. No ano de 1970, o ano do tricampeonato de futebol, e a ultima copa do nosso Rei, o país vivia o auge do regime militar, o cenário político era mais que nefasto. O Brasil afundara na fase mais dura da ditadura. Emílio G. Médici, era o militar presidente. Com a conquista da “taça do mundo” o povo brasileiro tivera um “bálsamo” o direito a alegria era permitido e assim, a alegria era geral. Desta forma, voltávamos novamente a ter um Rei, mesmo em plena ditadura. Assim, Pelé, tornou-se nossa majestade reconhecido mundialmente.

Assistindo ao filme “Pelé Eterno”, podemos realmente perceber a magnitude desse jogador. Quando criança, ouvíamos comentários sobre o “Garrincha, o anjos das pernas tortas” e todos os rumores de uma possível injustiça, que esse inigualável jogador teria sofrido, com a possibilidade de ter tido seu talento suplantado, ou quando não verdadeiramente reconhecido da forma merecida. Mas, a verdade é que a história mostra os fatos e os fatos não mentem. Nada nasce ou persisti por acaso, tudo tem seu motivo ou razão de ser. E assim, um gênio não é um gênio, simplesmente porque quer. Garrincha foi um gênio, um gênio naquilo que realmente sabia fazer encantando os olhares atentos, dos milhares torcedores com os seus inesquecíveis “dribles".

Pelé foi um gênio naquilo que realmente sabia fazer “gol” sua relação com a bola era uma relação líquida e certa, a demora era a bola chegar em seus pés, mas dali para frente a dificuldade era apenas as suas fantásticas peripécias para passar por seus marcadores, até área do gol.

O resto todos nós já sabemos.

A bola coroou Pelé, o fazendo um símbolo de uma era, onde o futebol arte, com todo o seu brilhantismo prendia olhares, paralisava torcedores e fazia explodir no peito um único grito: gol, é gol! Esse futebol encantou gerações, motivou compositores, virou samba. E batizou um jogador como atleta do século, o tornando um rei, rei sem monarquia.

Pele, será sempre eterno para nós, um ícone de uma geração, que comparecia aos estádios pelo simples prazer de vê-lo defender ferozmente seu time de coração “ O Santos”. Mas, o sentimento era maior, quando ele vestia “a camisa 10” da seleção canarinho. É que naquelas décadas, mesmo sob a pressão da ditadura, o "hino Pra Frente, Brasil” exercia motivação no coração oprimido do povo brasileiro e mantinha vivo o sentimento de nacionalismo. Maior exemplo disso, veio do próprio Rei, que deixou seu time e seu posto de jogador titular para servir ao exército brasileiro, não faltando com seu dever cívico.

Com isso, o rei mostrou que mesmo sendo um a “majestade” não fazia questão de nenhum privilégio, que ele era acima de tudo um cidadão brasileiro, consciente do seu dever para com esta nação, e como cidadão ele também “acalentava” o sonho de liberdade e democracia, mesmo sob a égide de uma opressão militar. Esse sonho não era uma “utopia”, pois mesmo sem monarquia, nós tínhamos um rei e dentro do peito um sentimento nacional: EU TE AMO, MEU BRASIL, EU TE AMO MEU CORAÇÃO E VERDE AMARELO E BRANCO AZUL ANIL .

*Advogada e escritora.

ROSSANA CLAUDYA SILVERIO
Enviado por ROSSANA CLAUDYA SILVERIO em 21/06/2006
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