FUTEBOL - A ESCRAVIDÃO CONTINUA

Antes de falar de futebol, uma introdução sobre a escravidão. A escravidão é uma prática social em que os direitos do ser humano não são respeitados, o escravo não possui qualquer tipo de direitos, nem mesmo poder sobre si próprio, um escravo é considerado apenas uma mercadoria que pode ser doadas, vendidas e trocadas.

A escravidão não é um acontecimento novo, ela está presente desde as civilizações antigas como exemplo a grega e a egípcia. No Brasil a escravidão começou antes da invasão dos europeus. Os nativos (índios) se apropriavam de seus prisioneiros de guerra para usá-los em trabalhos pesados.

Depois da chegada dos portugueses até meados do século XIX a escravidão de negros era considerado um ato legal e normal. O que gerou uma mudança e a abolição da escravidão dos negros foi a introdução do sistema econômico capitalista, que rapidamente foi adotado por grande parte do mundo, devido ao início da produção em massa de mercadorias e industrialização do mundo (revolução industrial).

No fim do século XIX o Brasil no início de sua industrialização percebeu a necessidade de consumo em massa, o escravismo ficou ultrapassado, os escravos não tinham como pagar, pois não recebiam, desta forma deixou-se de ser interessante a sua existência. Muitos negros foram excluídos da sociedade após o decreto do fim da escravidão, outros conseguiram serviços domésticos como lavadeiras e empregados. Com a falta de mão-de-obra foi inevitável a vinda de trabalhadores de outros países como Itália, Alemanha, Espanha e Japão para cobrir a função dos negros nos campos.

Sabemos que a escravidão continua em várias partes do mundo inclusive no Brasil. A escravidão “moderna” não é mais racial, ela é realizada com pessoas humildes em busca de trabalho no campo e local para morar. Estes trabalhadores caem em uma armadilha de emprego fácil e atraente com carteira assinada no campo. Quando chegam para trabalhar nas grandes fazendas descobrem que não haverá carteira assinada e nem comunicação externa e ainda devem pagar pela sua moradia, alimentação, aluguel de instrumentos de trabalho e do espaço de plantio.

Resumindo quando o salário chega não dá para pagar toda a dívida e no desespero de pagar suas dividas são forçados a ficar trabalhando dia e noite, passam cerca de dezesseis horas diárias na tentativa de aumento de produção. Quando tentam sair do “emprego” não conseguem por causa da dívida antigas e juros abusivos.

Você pode estar se perguntando “mas até aqui não tem nada de futebol?”, bom então vamos lá. O Brasil é o maior país exportador de jogadores de futebol. Os jogadores são tratados da mesma forma que os escravos são comprados, emprestados, trocados e vendidos, seus contratos os impedem de fazer qualquer ação sem o consentimento do clube onde atua.

Os jogadores mais famosos são formados ou impedidos de acordos comerciais ou publicitários. Um exemplo é Ronaldo (fenômeno) que tem um contrato com a empresa Nike pelo resto de sua vida, assim como Michael Jordan ex-jogador de basquete. Ronald, filho de Ronaldo, parece que deve seguir o mesmo rumo, pois o garoto já tem um contrato de exclusividade no caso de se tornar um atleta.

Para entender como é imparcialidade do contrato de Ronaldo, uma das cláusulas no contrato entre Ronaldo e Nike permite a rescisão unilateral em caso de envolvimento de Ronaldo em escândalos ou polêmicas.

Como um jogador considerado três vezes melhor jogador do mundo e que passou por tantas dificuldades, alegrias, vitória e derrotas e seguido de perto pela imprensa pode não se envolver em uma polêmica? Melhor, existe um jogador mais polêmico do que o próprio Ronaldo? Resultado, quando a Nike decidir ou “julgar” a quebra de contrato, ela rompe o contrato “vitalício” ou se preferir usa a imagem de Ronaldo pelo resto de sua vida como símbolo comercial da empresa.

Os casos mais preocupantes não são com atletas bem sucedidos como Jordan e Ronaldo e sim com os jovens jogadores que logo saem do país. Até mesmo para a FIFA a contratação de jovens jogadores menores de 18 anos é considerada uma nova forma de escravidão ou uma escravidão moderna, levando em conta que crianças de até oito anos de idade (mal aprenderam o português) estão partindo para a Europa. Estas crianças estão sendo retiradas de suas famílias e perdendo a infância para serem dirigidas à empresários que as levam para clubes europeus. Muitos destes jovens talentos são naturalizados no país o que leva a preocupação até em breve encontrarmos uma seleção européia formada por brasileiros.

A Lei Pelé de 1998 ajudou os jogadores a se libertarem de seus clubes, mas não resolveu. Ganharam direitos de um trabalhador comum, como exemplo o livre passe e o direito de um dia de folgas semanais, mas deixou uma brecha aos empresários.

O próximo passo da FIFA tem que ser visando à proibição ou limitação de negociação entre jogadores menores de 18 anos e relação com empresários, caso contrário haverá um êxodo da juventude brasileira que nem conhecerá os clubes nacionais e os jovens europeus perderam espaço em seus próprios países e clubes locais e ficaram aprisionados a um contrato limitador beneficiando principalmente os empresários, deixando os jogadores e o esporte em segundo plano.

Escrito em:

03/04/2009

Felipe Mesquita Duarte
Enviado por Felipe Mesquita Duarte em 09/09/2009
Código do texto: T1800954
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